Profª Amarylles
MARIA IGNES RAIZER CARDINALLI
Fui aluna da Amarylles no Clássico, no início da década de 60. Ela foi minha professora de Inglês e Literatura. Depois, fiz Letras na PUCC, dei aulas de Português e Inglês, morei fora do Brasil, voltei, e, em 1979, fui lecionar na Cultura Inglesa. Lá, encontrei a Amarylles novamente. Éramos colegas agora. Trabalhamos junto dezesseis anos, até 1996, quando saí para a Unicamp e ela se aposentou. Mas não perdemos mais contato. Éramos amigas. Até o dia 15 de novembro deste 2002, quando a doença a levou embora. Muitas vezes, nesses anos todos, lembramos os tempos do Culto à Ciência. Ela, invariavelmente, se emocionava. Mas também ríamos, ao lembrar que ela nos fazia ler - no original - textos do Beowulf e do Everyman, do Paradise Lost e muitos outros mais. E nós os líamos, meninas de 15 ou 16 anos, e aprendíamos com eles. Lembro-me, nitidamente, dela, escrevendo o "ponto" de gramática na "lousa", indo até os mínimos detalhes do uso dos artigos, dos plurais, dos condicionais, ou o que fosse. Depois que ela partiu, eu disse ao Domingos, seu marido inconsolável, que muito a amou, que duas palavras podiam descrever a vida da Amarylles: dedicação ao seu trabalho, e simplicidade , como pessoa. Ele acrescentou: "E mais ainda: bondade." E está certo. A Amarylles era genuinamente boa. Consolo, para ele, será saber que pode se orgulhar dela, do que ela foi, e do que fêz. Para mim, é pensar que a mestra - se posso copiar o que escreveu o poeta que estudamos - está em muito boa companhia. Junto dos outros mestres, que ela mesma, tantos anos atrás, me apresentou: Wordsworth, Coleridge, Byron, Keats, Shelley, Tennyson, Robert Browning, Elizabeth Barrett Browning... Existe companhia melhor que essa?
(Mensagem enviada pela ex-aluna Maria Ignes Raizer Cardinalli, da turma de 1964, por ocasião do falecimento da Profª Amarylles Pilenzo Joviliano, em 15/11/2002. )
© Carlos Francisco Paula Neto - última atualização em
21/09/2018
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