A coisa mais importante naquela época era rir, rir muito, não tinha
importância de quê nem de quem. Nossos heróis eram os que nos faziam rir
mais. Aula de Artes do professor Sílvio (o nosso Sílvio “Pirulito”). Não
me lembro por que, mas nosso grupo ria tanto de alguma coisa, que até o
paciente professor Sílvio não agüentou: riu também, mas nos colocou de
castigo, na ultima mesa no fundo da famosa sala de Artes. Ficamos sérios e alguém
se lembrou de que poderíamos fazer algo de bom pela nossa sala. Lixamos e
envernizamos toda a mesa em que estávamos de castigo. Até aqui, tudo em ordem.
Deu o sinal. Fim da aula. Quem não se lembra de que naquela sala era costume
colocar os banquinhos de pernas para cima, sobre a mesa? Juro que não fizemos
de propósito, foi um gesto automático. Próxima turma para aula de Artes: alguém
conseguiu desgrudar os banquinhos de cima da mesa? Nós, que já estávamos
tranqüilamente assistindo à aula de outra matéria, assustamos quando entraram
na sala o Telêmaco e o Sílvio, transtornados, querendo trucidar os vândalos
que fizeram aquilo. E quem acreditou que foi sem querer? Levamos um gancho e
tanto.
Luiz Fernando Negrão Cavalcanti
– turma de 64 a 70