Foi em 63. Nosso primeiro ano no Culto. De repente, no meio da aula, dona Celina Mesquita entra e me leva para a Diretoria. Fui tremendo. E lá encontrei o Barbim e o Juscelino (Nogueira dos Santos). Barbim estava pálido e o Juça tremia e suava. Eu quis saber o que estava acontecendo e o Juça me informou: “Sabe aquela piada que você me contou ontem? Eu contei pro Barbim ele contou pra mãe dele! Aí a mãe dele ligou pra dona Celina (Duarte) e deu a maior bronca. Disse que o filho dela não entrou aqui pra ficar aprendendo piada suja”. A piada não dá pra contar aqui, mas dá pra imaginar um garoto de 11 ou 12 anos contando uma piada suja pra própria mãe em 1963? Como o Barbim tinha entregado o Juça, o Juça havia me entregado e eu não tinha vocação pra herói, entreguei o Brás (Marco Antônio Brás da Silva) que chegou todo esbaforido e acabou entregando seu primo, o Ginefra. A lista parou por aí porque quem havia contado a piada pro Ginefra fora um amigo seu de São Paulo. Gozado é que cada vez que chegava um aluno na rodinha, a Celina tinha de sair pra gente poder lembrá-lo da piada e ela não queria ouvir a piada de novo, pelo menos na nossa frente... Pra encurtar a história: apesar de dona Celina ter nos ameaçado até de expulsão, nada aconteceu, nem advertência na caderneta. Voltamos pra aula louco pra pegar o Barbim, o que não ocorreu também, mas acho que ele nunca mais ouviu piada alguma de ninguém mais do colégio... Edmilson Siqueira