Bem gente, esta aconteceu em 1956, no pátio dos rapazes, entre nós e o nosso querido bedel o Sr. Cardomone. Algum moço do colegial trouxe para o pátio uma camisinha e inflou-a, dando um nó na extremidade. Então, aquela bizarra bexiga subia e descia ao sabor do vento pelo pátio. Nós, os meninos menores e mais novos, nos aproximávamos com curiosidade e alguém perguntou: “Porque esta bexiga é assim?” Rapidamente, veio a resposta. “É uma camisinha!” Foi um momento mágico de malícia, porque quem não sabia aprendeu na hora, através de um sussurro forte e baixo, que passou de ouvido a ouvido. Logo depois, risadas altas e gargalhadas. Muitos faziam gestos e mímicas imitando macacos. Imaginem uma roda, uma enorme massa de garotos correndo atrás daquela bola que subia e descia. Todos gritavam: “Vamos penar, pena, pena!” Histeria geral. Aí, apareceu o Sr. Cardomone, que tentava tirar a grande salsicha do pátio. De nada valiam as suas ameaças de suspensão. Quando ele chegava perto, ela escapava de suas mãos. Os mais velhos e experientes ficavam rindo de longe, saudando-nos com a imponência de tribunos romanos, encorajando-nos a continuar. Todos com a mão direita em saudação e a esquerda na boca, que soltava “Ohs!” de falsa pudicícia e surpresa fingida. Gostávamos da cena. Uma febril e selvagem massa de garotos hipnotizada pelo tabu corria atrás daquela deformada bola, dando tapas para cima. Aquele enxame conseguiu manter o Sr. Cardomone correndo por uns cinco ou dez minutos. Finalmente, ele pegou o “pênis” gigante entre as mãos e, ofegante, estourou-o, dizendo: “Seus tolos! Tudo isso por causa de uma simples bola!” Vaias e gargalhadas foram ouvidas por todo o pátio. Muitos precisaram se segurar de tanto rir, outros se contorciam no chão sem parar de dar risadas. Foi uma divertida aula de sexo, com demonstração de material, naquele tempo bravo de censura e puritanismo. Havíamos jogado para fora tudo que era reprimido, foi uma sensação de grande leveza e euforia geral. Orgulhosos, pequenos magarefes, julgamos ter demonstrado grande experiência no trato dessas coisas. Jader Ricci Prado – turma de 56-61