Em 1971, quando houve a reforma do ensino que transformou os cursos primário e ginásio num único primeiro grau de oito anos, nós ainda recebemos um certificado de conclusão do grupo escolar. Apesar de ainda ter de enfrentar o exame de admissão para o ginásio, ao entrarmos no colégio em 1972, viramos alunos de 5a. série, e não da 1a, como tinha sido até então. As mudanças continuariam, e em 1976 o Ginásio do Estado (nome do Culto à Ciência anos antes) deixaria de oferecer o curso ginasial. Como uma das últimas turmas a cursar a segunda parte do 1o. grau, tivemos a oportunidade de ter aulas de Francês (infelizmente já abolidas em muitos colégios, mas que seria útil para vários alunos no futuro) e aulas de Canto na sala 6, que dispunha até de um piano. A professora desta matéria no inicio de 1972 era dona Maria Aparecida (se não estou enganada), que deixou o colégio logo após os primeiros meses. Para substituí-la, entrou dona Gladys Pierre, para surpresa de todos que a conheciam como inspetora de alunos e ignoravam seus conhecimentos musicais. Havia também as aulas de Artes Industriais para os rapazes, como já foi descrito em outros casos aqui relatados, e para as moças, a matéria era Educação para o Lar (professoras Maria Elisa e Ana Lilian), que incluía não somente culinária -- que todo mundo percebia, pelo aroma que se espalhava pelo corredor do porão ao final da aula, mas também trabalhos manuais, como corte e costura, crochê, acabamentos artísticos em quadros, pintura de camisetas -- muitas pequenas empresas podem ter sido inspiradas nestas aulas. Apesar de a escola ser pública, várias matérias tinham salas próprias para que as aulas fossem ilustradas com experiências práticas. Quem não se lembra da Sala de Ciências, com a famosa caveira e os armários com materiais vários para ilustrar as aulas? ou da Sala de Geografia, com globo, mapas e bandeiras, amostras de solo, fósseis etc.. Como conseqüência, quem mudava de sala a cada aula eram os estudantes, ficando o professor na sua sala com o seu material didático, ao contrário do que ocorreu depois, quando este sistema foi abolido. Além das matérias obrigatórias e essenciais para a formação básica, os alunos que desejassem poderiam ainda ter aulas extracurriculares, tais como Datilografia, com o professor Semedo (bastante valorizada no mercado de trabalho da época, e que até hoje pode fazer falta para o pessoal que utiliza Informática); Violão (dona Cleusa Garbo), Taquigrafia e outras. A formação proporcionada pelo colégio, longe de ser somente acadêmica ou visando o vestibular ou colégio técnico, transmitia cultura e preparava para a vida, e isto fica ainda mais evidente quando nos damos conta de que hoje em dia, uma escola é considerada bem equipada se dispõe de aulas de Inglês e de Computação, mesmo negligenciando a formação básica, do raciocínio mais elementar e da boa capacidade de expressar idéias. A vida exige mudanças e devemos aceitá-las, mas será que realmente o ensino foi aperfeiçoado? Heloísa Peixoto de Barros Pimentel – turma de 72-78