Num dia de muito calor, nos deslocando para a sala de Física
do professor
Moacir, eu e o amigo Fernando Magalhães vimos um ninho de galinha com ovos no
capinzal que margeava o caminho. Ao voltarmos para a última aula, na sala 2,
aquela à esquerda de quem entra no prédio principal pelo portão central,
resolvemos apanhar alguns ovos, todos podres, que foram quebrados e depositados
dentro de cada carteira da última fileira da sala 2. Foi aquela confusão, todo
mundo cobrindo o nariz com lenço. Chamaram o Telêmaco. Ele queria saber se
tínhamos tido aula de Química, se havia alguém doente na sala etc.. Além do
Fernando, alguns colegas sabiam do que se tratava, mas ninguém dedurou.
Resultado: fomos dispensados mais cedo por falta de condições para
prosseguimento da aula. Por ser um fim de semana longo, ainda escapamos de um
gancho coletivo... O bonde 9, sempre o bonde 9... Se aquele bonde falasse,
muitas histórias, encrencas com cobradores e paqueras viriam à tona. Lembro-me
bem de um fato engraçado na época, aprontado por um aluno, muito gozador e
bagunceiro, que por ter a cara arredondada e usar óculos de aros grossos
era apelidado de “Coruja”, hoje um profissional muito respeitado em
Campinas. O “Coruja”, como todos nós, estava no estribo do bonde e, sentada
num banco próximo, estava uma linda garotinha de uns 6 ou 7 anos, com os
cabelos bem moldados em duas longas tranças, junto de sua mãe. Então, o
“Coruja”, na maior cara de pau, começa
a conversar com ambas. Muito sutil e
mansamente, o “Coruja” pegou as tranças da garotinha e, sem que ninguém
percebesse, amarrou-as no encosto do assento do bonde. Quando a mãe foi pegar a
filha para descer, ficou uma fera. A gargalhada dos estudantes foi geral.
“Mens Sana in Corpore Sano”: quem não se lembra desta expressão gravada no
madeirame do pátio? Pois bem, um colega da turma anterior á minha, aluno
exemplar, muito inteligente e estudioso, hoje ótimo profissional, muito
respeitado nos arredores de Campinas (por isso deixo de mencionar seu nome), fez
uma brincadeira que lhe custou, além de alguns dias de gancho, a transferência
para o noturno. Foi o seguinte: ele apanhou um objeto, hoje em dia um acessório
comum nas bolsas das mocinhas de pensamento politicamente correto ou avançado,
antigamente só usado com uma finalidade, funciona hoje também como remédio
preventivo. Para ser claro: pegou uma camisinha, encheu de água e pendurou no
madeirame. Quando descobriram, foi aquela confusão. Por ser bom aluno, o colega
recebeu como punição
mais séria a transferência para o período noturno,
tendo de se sacrificar bastante, pois viajava diariamente de uma cidade próxima
a Campinas. Naka Yagi