Porque os jovens da década de 50 e 60 eram tão contestadores? Sofremos na carne os efeitos das transformações sociais oriundas da insegurança que tomou conta da humanidade após a II Guerra. No Brasil, estávamos sob a ditadura Vargas com todos os seus problemas. Em 1945, com a queda de Vargas e com o governo de Dutra, vimos o nosso cruzeiro se desvalorizar assustadoramente e com o suicídio de Getúlio, a ocorrência de novos problemas ou talvez passássemos a ter consciência de que eles existiam. Os jovens europeus, com a guerra fria, não sabiam qual seria o seu amanhã ou se teriam um futuro. Por isso, queriam viver o presente plenamente, sem limites. Tudo isto fazia a nossa cabeça. E nós, jovens, naquela época, importamos os seus ideais de liberdade. Por isso, não aceitávamos, em um clima como o nosso, a imposição do paletó e da gravata e também de não podermos partilhar do mesmo recreio com as nossa futuras namoradas e esposas, como foi o meu caso e de muitos outros colegas. Para exemplificar a nossa contestação, houve um dia em que entramos no colégio com os paletós vestidos as avessas e com gravatas feitas com papel higiênico. A turma era “brava”, vocês se lembram: José da Costa Neves, Júlio Cardelli, Sandoval Novaes, Flávio Augusto de Ulhoa Cintra, os Irmãos Carvalho e Silva, Ademar Strachmann, José Alfredo dos Reis Neto e muitos outros que infelizmente já não convivem conosco. Bicudo   

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