Turismo
no Culto -- Na
década de 70, Senac e Culto
á Ciência firmaram um acordo para formarem um curso de Técnicos em Turismo,
pelo sistema de intercomplementaridade (parceria).
O Culto ministraria matérias
básicas da grade curricular e o Senac, as técnicas.
As aulas seriam duas vezes por semana no Culto e
três no Senac. Turminhas boas, as de Turismo. Não se conformavam
com as aulas tradicionais, expositivas. Discussões, aulas práticas,
pesquisas eram sopa no mel. Havia colaboradores para as atividades, como o pai
da Neti, que tinha empresa de ônibus, e fazia o transporte para a Singer.
Quando comprava um ônibus novo,
zerinho, lá vinha o “paitrocínio”: a primeira viagem era sempre com os
alunos do Turismo. O motorista era o gordinho Abacate, que acabou sendo nomeado
“aluno honorário”. E lá ia a turma: ônibus novo para São Paulo,
Circuito das Águas, Parque Nacional do Itatiaia
- uma semana de estudos -, com
direito às aulas de Geografia Turística, Técnica de Roteiros e Excursões,
Biogeografia, História...
Tudo no local, ao vivo e em cores! O acantonamento na casa grande do Parque era
experiência nova para muitos, que nunca haviam saído da barra da saia das
mães. O Cláudio Menegazzo (o ‘Mister M’ da turma, filho do mágico
Menegazzo, que animava as festinhas de pequerruchos) fazia o orçamento esticar,
aumentar, aparecer,
como
num abracadabra financeiro. Luizinho Trigo rachava
em cima dos fatos geográficos,
aproveitando a biblioteca da sua mãe,
professora de Geografia na Escola Hilton Fredericci, de Barão Geraldo.
Luizinho, professor de Turismo na PUCCAMP, é um dos raros Doutores em Turismo
no Brasil, na parte prática e na teórica. Também comandou curso no Senac, no
Hotel-Escola em Águas de S. Pedro. Um belo dia, estudo em Salto e Itu. Quando o
“paitrocínio“ do Sr. Sebastião era difícil, o Português, que era aluno,
alugava a preço camarada o ônibus do conjunto musical, onde era crooner. Um
Scania que, possivelmente, serviu de veículo triunfal para a chegada de Leif
Erickson na
volta
da América, no século XI: só podia parar nas descidas, pois pegava no tranco.
Rio Tietê, Salto, Célia Wonrath falando sobre o rio, a Brasiltal, as
monções. Parque da Rocha Mountonée, a Ivone discorrendo sobre as
glaciações. Museu Republicano, o Júnior, o artista plástico da turma,
descrevia a arquitetura do sobrado
onde está o Museu “Convenção de
Itu”.Dentro, no hall de entrada, Junia Flavia explanava sobre os azulejos que
formam murais históricos. A Fernanda, sobre Almeida Júnior. Cristina, sobre a
Estrada de Ferro Ituana. Aguardando os alunos terminarem, a Cristina, simpática
bibliotecária-arquivista do museu,
escutava os alunos falar sobre os vultos republicanos: Moraes Sales, Francisco
Glicério, Quintino Bocaiúva (nesta
rua , em Campinas, morava o Gordo Serra, do Culto. Figura que merece outra
história...), Bernardino de Campos. Os nomes e fatos discorriam com fluência.
Terminado o introitum, esperava a presença dos monitores
do museu para o início da visita orientada. Mas a Cristina olhou para o
dr. Jonas Soares de Souza e disse: “Professor Jonas, convoque os monitores:
hoje, quem vai assistir explicação é o grupo do museu, e não os alunos
visitantes...” E cada vez que os alunos do Culto chegavam ao museu, a
monitoria era dispensada. A turma de Turismo encheu de orgulho os professores e
deixou uma saudade imensa daqueles alunos que gostavam do que faziam...