Marcamos, certa ocasião, uma reunião para fazer
um trabalho de equipe na casa do Ginefra, que morava num apartamento no Largo do
Pará. Enquanto aguardávamos a chegada dos outros colegas sentados num banco da
praça, passou uma menina muito bonita. O Ginefra mexeu. Ela, elegante, passou,
nem nos olhou. Quando subimos, o choque: ela era amiga da irmã do Ginefra e
estava na casa dele. Sabe onde nós enfiamos nossa cara? Não me lembro até
hoje.
Antônio Celso (Arruda), o aluno mais engenhoso da escola, sentava-se a duas
carteiras do Carlos Alberto Melges, filho do nosso lendário diretor, o doutor
Telêmaco. Um dia, a aula de Português era com uma professora novata que, se
bem me lembro, precisou mudar-se logo de Campinas. Em plena aula, para surpresa
da classe, o Antônio Celso perdeu a paciência, levantou-se e estrilou:
“Professora! Não agüento mais; esse menino não pára de atirar bolas de
papel em mim, pô! É todo dia isso!”. O desfecho foi patético:
– Como você se chama? perguntou a mestra, ao atirador.
– Carlos Alberto Melges.
– Dona! Ele é filho do diretor!, alguém alertou.
– Ô, Antônio Celso, umas bolinhas de vez em quando não fazem mal...
Moacyr Castro
11/2002