Quando iniciei os estudos no Culto à Ciência, ainda moleque, curso noturno, pois trabalhava durante o dia ajudando a mãe viúva no sustento da casa, o traje obrigava o uso de paletó e gravata. O regime era severo e o regulamento não abria concessões a ninguém. Interessante que nas fases de maiores dificuldades financeiras, no pé as pobrezinhas alpargatas Roda compunham o traje completo: no pescoço, a gravatinha surrada, o paletozinho curto que varava os anos e a calça curta, pra cima dos joelhos, já sem cor definida, nada a ver com o resto. Como era bom aquele tempo, apesar de tudo. Lembro-me com saudade de tantas pessoas, colegas e funcionários do colégio, tão importantes, que ficarão gravados na memória, para sempre. Dos funcionários é impossível esquecer do doutor Telêmaco Paioli Melges, nosso diretor, um vozeirão respeitável, enérgico com a indisciplina, mas de um coração amigo, sempre disposto a ajudar aqueles que criavam coragem e adentravam a sua sala; o sr. Renato, inspetor de alunos, sério, cabelo preto, liso, “englostorado”, muito elegante, sempre vestido com terno impecável, gravata, sapato preto bem engraxado, não ria para ninguém, mas era compreensivo quando necessário; seu Colombo, seu Lauro, também, inspetores de alunos, dona Blande, secretária competente. Dos professores: Antônio (o Tonhão) amigo de todos, compreensivo nas provas, dava aulas de Português; dona Auzenda, Matemática; sr. Orvile, História; dra. Péttine, Francês; Galvão e Mercedes, Latim e Português, respectivamente; dr. Francisco Ribeiro Sampaio, Português, meu ilustre professor no primeiro ano de Ginásio; Benevenuto Torres, o bom seu Benê, professor de Latim. E tantos outros, que infelizmente, não me recordo dos nomes, mas cujas figuras povoam vivos a minha lembrança. Meu Deus! Quanta gente a quem devo tanto, pessoas que me ajudaram a conquistar a vida e que agora, ao abrir o anúncio da Festa de Aniversário, vieram à minha lembrança. Que saudade! Como seria bom revê-los, pelo menos aqueles que ainda estão presentes, estreitá-los nos braços num agradecimento reconhecido e emocionado. Que Deus me permita que este momento seja, realmente, possível. Ricardo Luis Elias