Sempre achei o Culto à Ciência mágico. Mas não tinha provas. Ainda
não tenho, mas tenho evidências: este assunto da festa está movimentando e
sensibilizando meio mundo. É mágico. Pessoas de todas as cidades, de todas as
idades, as mais diferentes que podemos imaginar, unidas em torno deste ideal
representado pelo nosso Cultão. Hoje, careca e de bigodes brancos, 47 anos
muito bem vividos, com dois filhos maravilhosos, um deles estudando no Canadá,
me preocupo em deixar-lhes bons ideais e talvez o Cultão seja o ícone do que
há melhor. Eu me considero privilegiado: também estudei no “Carlos Gomes”,
com 13 ou 14 anos. E estudando no que havia de melhor, nosso Culto à Ciência,
tive os Beatles como ídolos, ao vivo, todos eles, cantando Sgt Pepper e todas
aquelas músicas maravilhosas. Como se não bastasse, tínhamos os Rolling
Stones (tinha uma foto do Mike Jagger na cantina do Culto e se alguém duvidar,
tenho prova disto); os Monkees e, mais ou menos na mesma época, no Brasil,
Caeteno, Gil, e a minha Deusa Elis. Eu vi a Elis, cara a cara, no Tênis, no
gargarejo, acho até que sentia sua saliva de tão próximo que estava - eu
sempre a adorei - amor à primeira vista. O mesmo aconteceu com o Senna. Vi
também, ao vivo, jogando, o Negão, o Pelé. Pena que ele fale bobagens, mas no
futebol foi e sempre será absoluto. E nas corridas? Vi Interlagos na fase das
“carreteras”, com direito a Camilo Cristófaro e tudo mais. Íamos para lá,
com cara e coragem, e voltávamos depois de três dias sem dormir, sem comer,
tomando chuva, sujos, mas com aquele ronco gravado no coração -- as reduzidas
no final do retão, que à noite, soltavam labaredas, mas sobretudo aquele ronco
que disparava o coração. Vi meu primeiro grande ídolo de F1 morrer,
estupidamente como morreu também o Pacce. Fiquei uns três dias de “bode”,
quando o Jim Clark morreu “abraçado” à uma árvore na Alemanha. Parece que
estes caras que desafiam a velocidade têm a sina de morrer bestamente. Quase
todos, menos ele, Seninha, que ainda hoje, quando lembro, meus olhos marejam de
saudade e admiração. Eu estava numa competição de natação no Tênis Clube,
quando anunciaram o acidente do Senna. Tive uma daquelas intuições fatais que
a coisa era séria... E infelizmente era. Ele também foi paixão à primeira
vista, como já acontecera como os Beatles, Elis, Jim Clark, o Negão, entre
outros. Na primeira corrida em que vi o Seninha, disse para meu filho que estava
a meu lado: “Ele será um grande campeão”. E foi. O maior de todos, na
minha opinião. Meus filhos já não agüentam mais ouvir isto, mas eu continuo
a repetir, afinal são nossos ídolos, nossos modelos. Depois de tantos anos,
depois dos Beatles, do Negão, do Seninha, etc..., eles não foram superados e
acho que nem serão. Como disse outra minha idolatrada, Tina Tunner, são da
turma dos “The Best”. Como já disse, vi e vivi a Elis, Michel Jordam
(segundo meu filho André, “Allways the Best” no basquete), o Mike Tison (o
melhor no boxe, se não perdesse a cabeça), o Oscar Schimidt (votei nele),
entre tantos ídolos... Mas acho que todos eles cabem num ícone, que os resume,
que é o Cultão. Pela força que este velho emblema tem mostrado ter, pelo
apelo que este assunto traz (só pela Internet, tivemos desde o dia 6 de outubro
até hoje 8.000 visitas e 30.000 “page views”), tenho certeza de que este
não é um assunto do passado, “véio”, como disse alguém, e que ainda
fará muita diferença entre as pessoas, mesmo aquelas que não estudaram lá,
mesmo aquelas que só tenham ouvido dizer seu sonoro nome “Culto à
Ciência”. Mais do que um nome, mais do que uma lenda, mais do que os nomes
daqueles que o compõem – um ideal - onde se reconhece que a cultura e o saber
são os valores que valem a pena ter. O que melhor o resume, e seu primeiro
nome, um Culto... o Culto à Ciência. Um grande abraço em todos que
compartilham com a felicidade deste momento mágico. Um grande abraço ao nosso
amigo Emílio Khon e seu filho, meu também amigo