Era 1972, Primeiro Colegial, período da tarde. Vim de Monte Santo de Minas para estudar no Culto. Como era muito duro, fui morar com minha tia em Jundiaí e, por isso, alguns me chamavam pelo topônimo “Jundiaí”, que me soava tão estranho quanto soavam estranho para meus colegas minhas interjeições mineiras. Tudo era diferente por aqui. Na fileiras dianteiras sentavam-se as meninas. Como eu gostava muito delas, procurei ficar na interface. Na minha frente, sentava-se uma diva que sabia tudo de Francês (Ignis?). Se não fosse ela, certamente eu não teria passado. Quis o destino que anos mais tarde eu fosse morar justamente na França. Na frente dela sentava-se, se bem me lembro, uma menina frágil, de origem portuguesa (?), que era a melhor aluna da classe. A turma começou a me notar quando um professor de Estudos Sociais (Ernesto?) disse que daria 10 se alguém soubesse o adjetivo pátrio dos habitantes de Madagascar. Só o “Jundiaí” soube... No final do ano, eu já tinha passado sem exames e a professora de Inglês percebeu que eu tinha feito a prova para o Aquino, um jovem franzino, bom de bola e redação, que se sentava ao meu lado. Foi um desastre! Passei uma humilhação, mas, mesmo me reduzindo a nota, me deixou passar sem exame final. Sujeito estranho este Aquino. Era ótimo em Redação e bola e não sabia mais nada de nada. O Tarcísio era outro que adorava futebol e, se bem me lembro, não jogava nada, mas era o dono do time ou da bola... Li um caso dele em que ele diz que virou técnico de futebol. Era o rei da Matemática. Anos mais tarde, me encontrei com ele no vestibular do Mackenzie, em São Paulo, e nunca mais. Observando esses colegas, comecei a desenhar meu futuro de generalista. Eu achava bizarro ser ultra-especialista em alguma coisa e não saber o que era malgaxe. Lamento não ter concluído o Colegial por aqui. Terminei em São Paulo e, infelizmente, nenhum colega dessa época entrou na Faculdade de Engenharia Civil, que cursei. Eram especialistas demais... Ricardo Pereira da Silva.