Ôi gente... Em 1989, minha turma se reuniu para festejar os 30 anos e
foi muito gostoso e divertido revê-la: uns e umas não mudaram nada (As
lindonas de 59 continuaram lindonas... Aquelas que não davam bola para a
gente... que nos deixavam morrendo de ciúme, quando vinham desfilar com seus
namoradões, uns caras musculosos e sempre muito mais bonitões do que a
gente... Lembram? Suspiro!). Outros e outras mudaram, ficaram mais
gordinhos(as), de cabelinho esbranquiçado, umas ruguinhas, mas dava para
reconhecer. Entretanto, havia uns e outras que se tornaram outra pessoa. Não
vou dedar, mas teve um (atualmente é médico em Campinas) que era magrinho,
topetudo... que ficou irreconhecível atrás de uma barrigona, debaixo de uma
bruta careca e com um bigodaço grisalho, enorme. Mas (eu não sei os outros) o
carinho que sinto com relação a cada um deles, e em especial para cada uma
delas continua enorme. Meus contemporâneos vão se lembrar. Professor Sampaio,
de Português, sizudo, rigoroso, temido (ele curtia muito ser temido, mas no
fundo tinha um coração enorme ), que me deu nota 1 numa das primeiras chamadas
diárias (que suplício!) da “decoreba” dos Luzíadas, porque eu declamei
“mais do que permitia a
força humana em vez de prometia...“.
Graças a êle, sempre senti uma facilidade enorme para me expressar. Professor
Galvão, de Latim, (“Amanhã vai ter prova sem avisar...”). Dona Mercedes,
de Português (Coitada... Quando escrevia no quadro, balançava as pelancas do
braço. Hoje são as minhas pelancas que balançam...). Vejo como se fosse hoje
os dois deixando o Colégio juntos, apaixonadamente, ele sempre de chapeuzinho e
ela sempre de bolsa... E o bom professor Galvão, com seu andar desengonçado,
de vez em quando “colidia” com a pobre professora Mercedes, num vaivem que
ficou na memória. E a boa profressora Mercedes não se abalava: recuperava o
equilíbrio perdido e continuava caminhando impassível. Professora Auzenda, que
me perguntou se eu queria vê-la pelas costas no dia em que, no meio da sua
apresentação de um teorema , eu tive a audácia de lembrá-la de que o sinal,
finalizando a aula, já havia tocado... Professor Basílio, de Química,
grandalhão, mãos e pés enormes, sempre de jaleco, óculos de fundo de
garrafa, parecido com o Fernandel fazendo o dom Camilo, vangloriando-se de ser
atlético e desafiando a moçada para apostar uma corrida com ele. E ele corria
à beça, mesmo. Professor Braga, de Biologia, com uns dentes falhos, enojando
as meninas com descrições detalhadas dos “áscaris lumbricóides“ e
colocando “as coisas” em cima das carteiras das horrorizadas alunas.
Professor Hilton Frederici, de Geografia, sempre de jaleco, com mania de
higiene, com suas aulas sempre diferentes no seu “feudo” exclusivo, aquela
sala de aula segregada do prédio principal, com cortinas nas janelas,
apropriadas para projeção sobre a matéria e com um monte de tralha também
sobre Geografia. Professor Jaques, de Inglês, voz fanhosa, sapatões enormes,
sempre pronto a dar nota baixa para a moçada. Professora Maria, de Francês ,
danada para me chamar sempre quando eu não sabia direito a matéria (ou é
porque eu sempre não sabia a matéria direito?) E tantos outros professores e
funcionários (sem esquecer do Sr. Popof...), a turma da limpeza e que servia na
cantina , cujos nomes o princípio de esclerose já não permite lembrar, mas
que também continuam vivos em nossa lembrança. Recordar é viver... Saudades
de um tempo gostoso (tirando as chamadas, provas e exames, é claro!), que não
volta mais, mas que não sai da lembrança... Então, danem-se os problemas.
Vamos festejar. Festejar o tempo que passou, mas que ficou. A amizade dos
colegas e das colegas, que ninguém é de ferro, especialmente daquelas paixões
sofridas, não correspondidas, curtidas e encruadas... As brincadeiras, as
risadas... Quantas risadas e gargalhadas, soltas, despreocupadas e
descompromissadas, como nunca mais conseguimos rir em nossa vida de labuta de
adultos. Tito