Em 1983, quando o Culto à Ciência comemorava seus 110 anos, eu cursava o último ano de graduação em Arquitetura e o tema da minha tese de final (o chamado TGI) era o Colégio Culto à Ciência. Como ex- aluna da turma que terminou Colegial em 1978, vivenciei um período de decadência da escola. Foi uma fase de massificação do ensino secundário no Brasil, quando o Culto à Ciência, que desde a sua concepção tinha sido uma ‘escola modelo” passou a ser apenas uma unidade a mais da rede de ensino público. De 1983 para cá, a escola já passou por várias fases, até por processo de tombamento e posterior restauração, e eu nunca mais voltei para ver como ela ficou. Mas posso dizer que a minha vivência lá influenciou diretamente o encaminhamento da minha vida profissional, como arquiteta. Minha tese de graduação, intitulada “Culto à Ciência -- Educação e Arquitetura”, escrita em 1983, a qual releio hoje, com suas páginas já amareladas pelo tempo, depois de muitos anos engavetadas, de repente ganham vida e sentido novamente. Vejo, agora, que foi a partir daí que surgiu meu interesse pela influencia dos conjuntos arquitetônicos significativos na paisagem urbana, que me levaram a me especializar, no exterior, em Desenho Urbano, e, mais recentemente, a me envolver num trabalho de planejamento físico de uma escola privada aqui de Campinas -- trabalho que realizo desde 1995. Meu muito obrigado ao Culto à Ciência por toda essa bagagem de cidadania e consciência crítica que recebi, ao vivenciar a magia daquelas velhas paredes, salas e fachadas, todas elas relíquias preciosas de um tempo de idealismo e vanguarda cultural. Flávia Brito Garboggini – turma - 1978