Recordações Pessoais

DR. JOÃO BOSCO ASSIS DE LUCA, OUTUBRO de 2003

Fui professor de Ciências para alunos das 5as., 6as., 7as. e 8as. séries dos períodos vespertino e noturno no período de 1970 a 1973 e, apesar de só ter exercido essa função por tempo relativamente curto, essa foi uma das minhas experiências profissionais mais gratas e marcantes.
 
Creio ter sido um dos professores mais jovens do Colégio - pelo menos até aquela época, pois, nascido em setembro de 1947, eu ainda estava completando 23 anos de idade na ocasião em que assumi responsabilidade ao mesmo tempo tão séria e tão honrosa. O período vespertino havia sido criado pouco tempo antes, como solução para a necessidade de ampliação do número de vagas da escola. E a catedrática da cadeira de Ciências, professora Amália Maria Zocchio Ridolfo, rigorosíssima na exigência da manutenção de um padrão de máxima qualidade no ensino do Colégio, impunha a condição de que as novas turmas (e aquelas aulas excedentes) fossem regidas por professores contratados tão dedicados e atualizados quanto os efetivos.
 
No início do 2º semestre de 1970 dera-se o afastamento voluntário da professora do vespertino, Letícia Delbel (mestra igualmente muito jovem, ex-aluna do Culto à Ciência, residente ali mesmo, no Botafogo, na primeira quadra da rua Barbosa de Barros, a "rua da feira"): ela estava deixando Campinas em função de seu casamento iminente, se me lembro bem. Permanecendo aberto o quadro de docentes para a substiuição de Letícia, abriu-se concurso de títulos para seu preencimento.
 
Fui escolhido mesmo sem ter feito nenhum contato pessoal prévio com dona Amália. E escolhido por reunir condições que lhe pareceram as mais adequadas, aí incluídas: minha experiência prévia (já lecionava Ciências no Ginásio Imaculada, da Barão de Itapura), minha formação escolar polivalente (já concluíra meu curso técnico em Química Industrial) e pela minha evidente tendência ao crescimento no processo de aquisição de conhecimentos da área científica (em 1970 eu cursava o 3º ano da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, formando-me médico exatamente no ano de 1973). Além do mais, tinha a assiduidade às aulas garantida por morar bem perto do Colégio: nascido e criado no interior do Estado (em Barretos, SP), eu tinha vindo para Campinas em função dos meus estudos, residindo então na casa de minha avó, na rua Salustiano Penteado - por coincidência, na mesma quadra do Botafogo em que morava a professora Letícia Delbel (isto é, no quarteirão que contém a igreja do Sagrado Coração de Jesus, situada na esquina da Otávio Mendes com a Barbosa de Barros).
 
Embora a direção da escola primasse, àquela época, pelo tratamento ríspido e suspeitoso com relação aos professores mais jovens (não podemos nos esquecer que estávamos em pleno período de ditadura militar), creio ter correspondido às expectativas, dada a confirmação do meu nome - com ampliação do número de aulas, inclusive - nos anos que se seguiram. Contei, é verdade, com o imprescindível apoio de pelo menos duas pessoas a quem sou muito grato (e de quem tenho muita saudade): da professora Amália e da orientadora pedagógica Ângela, pessoas em quem eu podia me espelhar, vendo nelas concretizados os ideais máximos da nobreza, do desprendimento pessoal e da total dedicação à causa do Ensino com E maiúsculo; duas grandes batalhadoras na ingrata missão de formar não só alunos bem adestrados como cidadãos úteis à sociedade.
 
 
Cordialmente,
Dr. João Bosco Assis De Luca (Médico Psiquiatra)
 

 


© Carlos Francisco Paula Neto - última atualização em 21/09/2018
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