B A T E – P A P O

MOACYR CASTRO

Faltam seis dias!


Olha, vinha gente de todo lado. Dos bairros, das cidades próximas – chegavam a pé, de bonde, de ônibus e muitos, de trem. Havia trens. E havia os que desembarcavam dos carros dos papais, na entrada da Hércules Florence, pelo ginásio de esportes, ou na da Rua Culto à Ciência. Garotos, e garotas, sim!, mais ousadas, de papais mais liberais, chegavam dirigindo, só para se exibir. Lá dentro, ficavam iguais a todos. E eram.

Pena que não pusemos em ação o plano de alugar carroças no Mercadão e chegar ao colégio de chicote em punho, também só para exibição. Ninguém tinha coragem de bater nos cavalos. Era só para mostrar que quem não tinha cavalo no motor, tinha na carroça. Já imaginou a cena? Doutor Telêmaco ia ficar uma vara (Vara de tocar cavalos, lógico.). Ainda bem que não aconteceu. Um grito da dona Gladys ia assustar a tropa e fazer o maior tropel pela cidade. Campinas ia ver carroça puxando bonde, tamanho o desespero. (E não teria João Tojal que segurasse os bichos no muque, como ele fez com um bonde na General Osório, e virou herói. Aproveite que ele estará na festa, sábado que vem, e pergunte como foi. Deu até no Correio Popular!).

Como disse, ali éramos todos iguais. E sábado, continuaremos. Éramos todos iguais aos olhos e corações dos professores, da diretoria, dos funcionários, colegas e do seo Alo, nosso nutricionista (Seo Alo sabe o segredo, melhor do que qualquer nutricionista, de como fazer comida gostosa que nunca fez mal a ninguém. Ainda outro dia, me refestelei com seus pastéis e não engordei um grama.) Quem chegou magro ao colégio saiu magro e quem chegou gordo saiu gordo – Faustão era o rei do quindim e a Regina Duarte, da Coca-Cola. Apesar do seo Stucchi e da dona Lúcia. Naquele tempo, não havia Educação Física, só ginástica. E era com ginástica que os atletas do colégio, gordos e magros, ganhavam os torneios todos.

Faz cinco anos que estamos atrás de acabar com um mistério. Vamos ver se nesta festa de sábado que vem, acontece. E se acontecer, vai virar notícia aqui no Correio. É que o Edmílson Siqueira, ex-aluno e jornalista, contou que lá pelos primórdios dos anos 70s (faz tempo!), estava em moda a chispada pelada. Lembra? Dava a louca, e alguém saía peladão (peladona, também!) pelas ruas. Tudo muito rápido e sumia na escuridão. E eis que um aluno saiu assim, assim, como Deus o fez. E uma aluna gritou: “Nossa! É fulano!” Parece que na festa dos 130 anos do Colégio Culto à Ciência, sábado que vem, saberemos quem são e por onde ela reconheceu o peladão...

Pregado no poste: “Só acredito em político quando um xinga o outro.”

 


© Carlos Francisco Paula Neto - última atualização em 21/09/2018
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