A melhor companhia
B A T E – P A P O
“Hoje poderia ser feriado nacional, pois no mundo nem sempre nasce uma pessoa como o senhor.”
Essa inscrição, estendida numa faixa, em um barracão estalando de novo, saudou o momento importante de um grande ser humano.
Milhares e milhares de campineiros o conhecem, o admiram, o têm no coração. Na tarde de domingo, aí no Jambeiro, centenas dessas pessoas estiveram reunidas diante desse homem abençoado, que marcou com a melhor lembrança nossas vidas para sempre. E naquelas horas, ninguém no mundo esteve em melhor companhia. O Álvaro de Oliveira, seo Alo, marido da dona Janete, pai da Janetinha e da Nadja, sentiu o que é ser querido e rever os que tiveram a ventura de celebrar seus noventa anos. Poucos nesta vida vivem noventa anos tão amado como esse eterno jovem. Enquanto pode, comandou a cantina da mais espetacular escola pública do Brasil, que ele ajudou a honrar, com seu trabalho, sua sabedoria e sua alegria de viver.
Quando consegui passar pelo exame de admissão e entrar naquele templo, ouvi do meu pai, na véspera do primeiro dia de aula, algo de que jamais me esqueço:
-- A partir de amanhã, você começa a conviver com as pessoas mais cultas da cidade. Elas estão lá para ensinar você e seus futuros colegas. Conheço todas, em pessoa, pela fama, pela competência e pelo respeito que impõem e merecem. Mas amigo, lá, só tenho um. É o Alo, da cantina. Foi meu vizinho, desde criança. No meu primeiro dia de trabalho na ‘Loja Americana’, ele me acompanhou cedinho e ficou me esperando sair, às seis da tarde! Amigo assim não existe mais. Qualquer coisa, fale com ele em meu nome. Ele não é professor, mas desse você não se esquecerá, jamais!
Está do mesmo jeitinho, o Alo, um pouco mais jovem, acredito. Por ele, fui capaz de comprar uma camisa da Ponte Preta, de presente, igualzinha à dos tempos em que ele jogava no juvenil, ali no campo do Cruzeiro, e meu pai torcia na lateral.
Quanta gente bonita aquela santa que mora aqui em casa em eu conhecemos naquele barracão! A Janaína, neta do Alo, organizou tudo. Seu marido, o Djalma, conseguiu nos achar, perdidos naquele mundão do Jambeiro. Zé Geraldo, corredor do CUCA, com sua medalha e sua Nena. O dr. Mario e sua Marina Alves. O Antÿnio Carlos Colombo, filho do nosso inspetor de alunos, seo Colombo, padrinho da Nadja, e sua Célia. Emílio Guevara, do Senai, e a Sueli. O Reinald Pieroni. E o Milton Oliveira, sobrinho do Alo, filho do seu Artur e grande linotipista do ‘Correio Popular’, durante décadas. Com o Boscolo e seo Oswaldo Galerani, ele aturou muitas estripulias dos então moleques Roberto Godoy e este que vos escreve.
Pregado no poste: “Esse domingo foi, realmente, um Dia do Senhor”
© Carlos Francisco Paula Neto - última atualização em
21/09/2018
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