Bendita Internet

                                                                                                                    José Roberto Martins



Embora morra de saudade dos tempos do Colégio Culto à Ciência, quando o “Ginásio do Estado” era o melhor colégio do mundo, não me sinto muito à vontade para escrever sobre o assunto. Moacyr Castro fala tanto sobre o colégio que abordar o tema me dá a sensação de estar invadindo seara alheia.

Já que assim é, peço vênia ao meu amigo Moacyr para falar um pouco sobre o nosso colégio. Tudo isso porque meu primo, Fernando Godoy, mandou-me um e-mail pedindo que eu entrasse no site do Culto à Ciência, onde estavam fotos de classes do nosso tempo.

O site do Colégio foi organizado por um colega e amigo Carlos Francisco de Paula Neto, cujo avô foi professor de matemática a partir de 1910 e durante 30 anos. Além disso, organizou uma monografia sobre o Culto à Ciência, que foi dada a público em 1946.

Nesse ponto preciso abrir um parêntesis para falar do querido “de Paula”. Ocupávamos, enquanto ginasianos, carteira contíguas. Éramos amigos de verdade. Dividíamos os planos, os segredos, os sonhos... Morava, à época, na Rua Oliveira Cardoso, numa casa deliciosa que freqüentei muito. Lembro-me muito bem da simpatia de sua mãe, de sua irmã... Mas, a vida, ah, a vida... Nunca mais encontrei e nem ouvi falar do meu grande amigo.

Bendita internet que, em sua malha virtual fantástica, permite coisas de um calor humano excepcional. Querido de Paula, escreva, amigo. Gostaria muitíssimo de encontrá-lo.

Muito bem! Fechado o parêntesis, que mais se assemelha a um capítulo, vamos ao motivo principal desta crônica: as fotos das classes de terceira série
do Colégio Culto à Ciência, na década de 60.

Ao ver as fotos, voltei no tempo... Revi amigos... Mais que colegas, mais que companheiros de uma época, revi os membros de uma confraria que, pelo menos em espírito, até hoje sobrevive.

A iniciativa de meu primo permitiu-me rever Eduardo
Henrique Salles, Fábio Adamo, Frank Delaman, o colunista aí do lado, Moacyr Castro, Humberto Pérgolla e tantos outros. Revi dona Maria José, seríssima, enérgica e competente professora de geografia. O banho de saudade passou por Carlos Amin, Sílvio Lino, Roberto Guincha, minha querida concunhada Dulce Riveiro de Toledo Santos Miranda, diretora da Faculdade de Fonoaudiologia da PUC-Campinas, Francisco Camargo, o Chicão, Frederico Garlipp, Adaury melo Cury e muitos outros.

Ao olhar a foto onde estava meu primo Fernando, qual não foi minha surpresa ao descobrir Luís Ceará, esse mesmo da televisão. Por sinal, devo a ele o envio dessa foto. Lamentei não ter revisto Richard James Frederighi, Roberto Rigitano, José Roberto Xidieh Piantoni, Lairton Moretti, Edgar Salvucci Norton, sobrinho de meu saudoso amigo Sérgio Salvucci e muitos outros.

É impressionante como tudo voltou. De um momento para outro, me vi sentado nas quase clericais carteiras, olhando embevecido para dona Alícia Pettine, para o professor Sílvio, que lecionava “Trabalhos Manuais” e deve ter tido influência decisiva neste meu gosto por ferramentas e na minha paixão pela madeira, para o austero professor Calazans, dona Auzenda, seu irmão Amaury e todos os grandes mestres que, além de conhecimentos, nos transmitiram os sentimentos de honra, lealdade e dignidade.

É por isso que, emocionado ao escrever estas linhas, reverencio os gênios que criaram e desenvolveram a maravilhosa rede mundial de computadores! Bendita internet!

Em tempo: quero dar publicamente os meus parabéns ao cantor Flávio Carvalho. Seu novo CD é qualquer coisa de delicioso. Além de um repertório de extremo bom gosto, o disco mostra o Flávio cantando como nunca! Sucesso, amigo! Você merece!

José Roberto Martins é professor de Rádio no Senac e gerente das rádios Cidade e Laser.  

 


© Carlos Francisco Paula Neto - última atualização em 21/09/2018
e-mail :  carlospaula@cultoaciencia.net