Estávamos na terceira série do ginásio (1969) e teríamos prova de Matemática. Minha amiga Carmen escreveu uns “lembretinhos” na mão esquerda. Na aula anterior à prova tivemos aula de Música, e a professora inventou uma moda nova. Ficávamos com os braços levantados e mãos fechadas. Cantávamos a escala musical e a cada nota, levantávamos o dedo respectivo à nota, começando pela mão esquerda: Dó – dedão; Ré – indicador; Mi -- dedo médio; Fá – anular; Sol -- minguinho... e assim por diante. A Carmen já tinha até se esquecido dos triângulos e fórmulas anotados na mão, e fez o exercício direitinho. Na hora da prova, dona Madalena fez a chamada, distribuiu as provas e muito calmamente avisou: “Pessoal, eu sei que hoje tem gente que vai tentar colar; por favor, não façam isto!”. Fiquei aflitíssima e olhei para a Carmen. Ela estava branca como cêra e mais do que depressa colocou a mão esquerda bem fechada em cima da carteira, vestindo a carapuça. A prova começou e cada vez que eu olhava para ela, via seu braço imóvel e a mão fechadíssima mudando de cor: rosa, vermelha, roxa... Ana Lúcia Sampaio  

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