(COLABORAÇÃO DE MOACYR CASTRO) - ( IR PARA "CAUSOS" II )
Na matinée do antigo Cine Rinque(ainda de estrutura de madeira,com platéia,frisa,foyeur e galeria),assistíamos a um filme do Bud Abott e Lou Costelo,passado nos desertos arábicos,onde eram perseguidos pelo lunático Popoff,que se tornava furioso ao ouvir a palavra "Poco-moco". Entre nós estava o Geraldo Lovorini que ,às tantas, tartamudeou:"Ele não parece o Telêmaco"? Mal sabíamos que na fileira de trás.estava o vice-diretor do ginásio. No dia seguinte,o Geraldo foi suspenso por 3 dias. Não é preciso dizer que o apelido Popoff ,pegou. Décio Bueno Vedovello, 1947
Os inspetores de alunos,denominados bedéis,eram verdadeiros carrascos. Ficavam encostados na porta separadora de duas classes,vigiando-nos O Dario - alto,espigado,nariz adunco,sempre de terno escuro - ao ouvir ou ver alguma algazarra, gritava :"Aí.você"! O primeiro que perguntasse:"Eu"? era mandado para a diretoria. O Biojone - baixo,gordo,meio calvo,de terno de brim claro era mais condescendente - aceitava a justificativa e ao fim da aula levava o infrator para a diretoria. O Chico Espinho - cabelo espetado,rosto redondo e vermelho,olhos pequenos lacrimejantes,o paletó apertado,menor que seu tamanho - às vezes se fazia de sacristão na Igreja do Botafogo,do monsenhor Jerônimo Baggio - falseava a verdade,ao nos levar à presença do diretor Anibal de Freitas - o Bimbão. Em todos esses casos,o mínimo que se conseguia, eram 3 dias de suspensão. Décio Bueno Vedovello, 1947
Nossas classes eram mistas - As meninas: saia xadrez,blusa branca,com gola e mangas compridas, lenço preto,meias brancas 3/4 e sandálias pretas,salto baixo. Os rapazes: Terno,camisa de colarinho,gravata e sapatos social As meninas,sempre estudiosas e compenetradas,tinham as lições na ponta da língua,o que tornava a vida dos meninos num inferno. O pior era na aula de português do Chico Sampaio - ele mandava decorar uma estrofe duma poesia - as "bandidas" decoravam a poesia toda - e sendo as primeiras a serem arguidas, o mestre exigia que todos o fizessem. Daí,as notas "masculinas" serem sempre baixas. Décio Bueno Vedovello, 1947
Dona Celina M Duarte,em 1947
chegou ao Colégio Culto â Ciência, para ocupar o cargo de Orientadora
Educacional - daí seu epiteto: a mulher da bola(de cristal,talvez). Sempre fui
mais ligado aos esportes e brincadeiras que aos estudos.
Pelos meados de setembro fui levado à presença dessa senhora que tinha em mãos o
meu currículo escolar - depois de 30 minutos de inquirição,ela informou que eu
devia seguir a carreira de artista,teatro ou comicidade - entretenimento
público. Meus pais tinham outra opinião a meu respeito - segui a deles e... me
dei bem.
Décio Bueno Vedovello, 1947
O portão de ferro ,na extrema esquerda da fachada do Ginásio.era para entrada dos rapazes. O portão central,de folha dupla,servia para os mestres, O portão da estrema direita,era para as meninas. Antes desse,havia uma portão de madeira,para entrada de veículos,nunca usado( pelo menos ,eu jamais vi qualquer automóvel por ali trafegar). Quando chegávamos atrazados,por ele entrávamos - escondido,na curva,ficava o bedel Cardamone, anotando os infratores - ao final do dia eram suspensos por 3 dias. Décio Bueno Vedovello, 1947
Em 1944,foi instituida a matéria "Instrução Pré-militar",para os alunos do 4° ano ginasial. O instrutor era o 3º sargento Jair Gonçalves ,de alcunha, sargento Zóinho. Aos sábados,às 8 horas,ministrava ordem unida,símbolos nacionais,real significado das cores da Bandeira Nacional,modo correto de usá-la,funcionamento e montagem do fuzil Mauser 1908 , noções de cidadania, história das lutas brasileiras,ginástica e marcha de 5 km,entoando canções patrióticas. A nossa classe deu 1 almirante,2 coroneis do Exército e 1 da Aeronáutica. Décio Bueno Vedovello, 1947
A maioria dos ginasianos chegava ao Ginásio,a pé,em grupos ou isolados. As meninas,geralmente,vinham no bonde 9 (Botafogo). O Coaracy Book de Souza,morador na Fazenda Santa Eliza,vinha de charrete (com capota de lona). O Egildo Giovani Rocco Tricárico amarrava o cavalo alazão no bambual dos fundos do colégio. (Não pode assistir às aulas,no dia que veio acompanhado pelo seu dog alemão). Os primos Siqueira (Paulo e Roberto),residentes à rua Julio de Mesquita, desciam da limusine De Soto. O Augusto Afonso Ferreira,residia em frente ao ginásio (era só atravessar a rua),sempre chegava atrasado, quando não perdia as aulas. Décio Bueno Vedovello, 1947
Aconteceu com meu amigo Mané, lá pelos anos de 72/73. Tudo era muito
rigoroso no “Cultão”, a começar pelo uniforme: calça de Pervinc 70,
camisa branca com escudo do colégio, meias cinzas e sapatos pretos. De vez em
quando, dona Gladys (quem não se lembra?) fazia vistoria no traje de todos.
Desta vez, ela entrou em nossa classe e disse: “Quem não estiver com o
uniforme completo pode se retirar antes que eu veja, pois se eu pegar com
uniforme errado, camisa sem escudo do colégio, meias de cor diferente, será
suspenso.”. Foi uma correria, muita gente saindo de fininho, mas o meu amigo
Mané ficou bem sossegado na carteira. Dona Gladys começou olhando todos, dos pés
à cabeça. Quando chegou perto da carteira do Mané, parou e perguntou irritadíssima:
“O senhor não ouviu quando eu mandei que todos que estivessem sem uniforme
deveriam sair?” Aí o Mané, com sua costumeira cara de pau, argumentou: “A
senhora falou quem estivesse com meias de cor diferente; eu estou sem meias!”.
Conhecendo dona Gladys como todos conheciam, nem preciso dizer quantos dias de
suspensão pegou o Mané. Orlando Nista
Jr. - Nistinha
Um dia, de saco cheio, murchei os quatro pneus da Veraneio da professora
Lúcia, de Ginástica. Ninguém sacou... Um mês depois, fui para a Diretoria,
pois alguém me dedou e até hoje não descobri. Dez dias de gancho. Foi o
quinto do ano. Quem sabe na festa, eu descubro quem foi.
Sérgio
Destro
Época de eleição do grêmio. Nossa chapa era a Tico-tico (marca de um papel higiênico da época); nosso candidato, o Melges, sobrinho do dr. Telêmaco, o diretor. Em uma reunião do partido, alguém sugeriu que nosso candidato teria de sair de nosso recreio (dos meninos) e ir até o recreio das meninas fantasiado à caráter, ou seja, de cueca e enrolado inteiro de papel higiênico. Melges topou na hora. Data marcada, tudo combinado e lá foi o Melges atravessando o nosso pátio do recreio, para delírio da galera. Uma farra, mas não preciso dizer que durou pouco, pois logo apareceram a nossas queridas donas Angelina, Celina Mesquita, o Miltão, o Renato e acho que até a d. Celina Duarte. O Melges, apesar de sobrinho do “home”, pegou um bom gancho. Luiz Fernando Negrão Cavalcanti – turma de 64 a 70
Em 1972, entrei na 5ª série do Culto à Ciência. Havia uma professora
de Português chamada Maria de Lourdes. Excelente professora. Tinha um tique
nervoso que consistia em piscar constantemente um dos olhos. Logo no início do
ano, ela passou por minha carteira, piscando para mim. Eu mais, que depressa,
certo de que aquilo era um sinal de afeto, retribuí a piscada. Pois ela
pegou-me pelas costeletas e me levou à presença do diretor Telêmaco Paioli.
Levei minutos de sermão, acompanhado das tradicionais cusparadas. Quem nunca
teve de abrir o guarda- chuva, quando conversava com o querido Telêmaco? Luiz
Júlio Riggio Tambaschia
Quem não se lembra dos irmãos Pettená, da turma de 76 ? Já ouviu
falar da equipe “Azul do Vento” de pára-quedismo, da qual os dois são
integrantes? Eles deveriam ter sido dublês e eu conto porquê: toda tarde, nas
aulas de Educação Física, o Ricardo simulava um atropelamento, na frente do
primeiro portão, perto do Ginásio de Esportes Alberto Krum. O Rick tinha um
Chevette branco, vinha com o carro como quem não quer nada, puxava o breque de
mão para o carro fazer barulho de freada brusca e o nosso amigo pulava, sem a mínima
cerimônia, no capô, caindo do outro lado. Nós, que estávamos de sobreaviso,
“socorríamos” o Ricardo, fingindo levá-lo ao hospital (mais correto seria
ao hospício). Outro integrante da gangue ficava dando informações aos menos
avisados. Tudo muito engraçado, até que o doutor Telêmaco (que Deus o tenha)
cortou o nosso barato. E haja suspensão. Tércio Antônio C. Pereira
Direito de ser suspenso. 1963: era para ter aula de Física do professor Moacyr, mas como ele não aparecia, o doutor Telêmaco nos dispensou. Meninas para o pátio feminino e os meninos para o pátio deles. A Letícia Delbel (que depois foi professora de Ciências) e eu saímos do colégio e fomos até a casa dela, que ficava a duas quadras do colégio, para buscar os Lusíadas e tomar um cafezinho. Nisto o professor Moacyr chegou e todo mundo entrou na aula. Quer dizer... quase todo mundo, pois estávamos fora do colégio. Os meninos, encabeçados pelo Paulo Affonso, exigiram igualdade de tratamento: nós tínhamos de ser suspensas (porque só eles eram suspensos ?) Fomos para a Diretoria e levamos três dias de gancho... Sabe de uma coisa ? Três dias de descanso até que foram bons! Vera Regina Zímaro
© Carlos Francisco Paula Neto - última atualização em
21/09/2018
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