(COLABORAÇÃO DE MOACYR CASTRO) - ( IR PARA "CAUSOS" I )
Foi em 67, quando eu fazia a quarta série pela segunda vez. Era a 4ª E,
que fôra transferida para o período da manhã. No último bimestre, a
professora de História resolveu fazer uma prova mimeografada, uma novidade na
época. O mimeógrafo era a álcool e acho que pertencia ao grêmio. Quem
manuseava a máquina era um amigo nosso (desculpe, mas não lembro o nome desse
nosso herói) que, ao iniciar a impressão, pegou uma das provas, examinou e
disse para a professora que a mesma estava toda borrada, amassando-a e jogando-a
no lixo. Quando a professora saiu com as provas impressas, esse nosso amigo foi
até a lata de lixo e recuperou aquela prova que, de borrada, não tinha nada.
Alguns minutos depois as preciosas dez questões que seriam colocadas na nossa
frente só no dia seguinte, estavam ali, à nossa disposição. Decidimos que
apenas a turminha que estava pior de nota ficaria sabendo da história e poderia
copiar as questões. E assim mesmo ficou combinado que cada um tiraria a nota
que precisasse, para que não houvesse uma porção de notas 10 gerando a maior
desconfiança. Infelizmente, não me lembro dos nomes todos, mas lá estavam,
com certeza, o João Rubens, o Dagmar, o Olímpio, o Romeuzinho Mirante e, se
não me engano, o Spis (hoje presidente dos petroleiros). Acho que o Sebastião
Maria fazia parte dessa turma também. Enfim, no dia seguinte, fizemos a prova,
nervosos e cheios de segredos, precavidos como nunca, para que ninguém
descobrisse aquela que foi a maior cola das nossas vidas. E deu certo: tiramos
as notas que precisávamos para nos livrar do exame ou para fazê-lo sem
precisar de nota muito alta. E ninguém descobriu, apesar de, na entrega das
provas com as notas, a professora ter desconfiado. Afinal, alunos que sempre
tiraram notas baixas, de repente se revelaram ótimos historiadores...
Edmilson
Siqueira
– turma de 63 a 70.
P.S - Se o cara que nos passou a cópia da
prova estiver na festa, por favor me procure: o chope será por minha conta...
É bom saber que algumas das minhas lembranças mais queridas também
fazem parte das lembranças de muitos outros. Temos orgulho de fazer parte da
família Culto a Ciência. Meu respeito a todos os professores e professoras que
marcaram nossas vidas (Sônia, Eclair, Pedrinho, Almeidinha, Quinita, Amália,
Mossa e tantos mais). Quero confirmar as historias do Adilson (Gouveia) e do
Afrânio (Omati). Turma de 69-75. Vocês se lembram do Mossa dizendo: “Calma
pessoal, tenham paciência com ele. Aqui nas quadras ele é esse desastre, mas
na sala de aula ele é bom. Tenham paciência...”? Ary Chiacchio – turma de 69-75
Corria o início dos anos 70 e a turminha toda, na faixa dos 14 ou 15
aninhos, descobriu um jogo interessante chamado sinuca. Acontece que menor não
podia ser visto jogando. Então, era aquela procura louca por algum bar que
tivesse mesa e permitisse o uso. Aí, alguém, não me recordo quem, descobriu
um buteco no Taquaral (Rei Amir), que permitia. Toda manhã, era aquela loucura
no portão do colégio, organizando a excursão para um joguinho. Né Binho? José
Yaly Rodrigues de Souza (Negrão)
Não completei o curso no colégio. Fui para a Escola de Comércio São
Luís (turma de 60). Mas dois anos gostosos no velho Ginásio do Estado (54-55).
Tenho grandes recordações de colegas de classe e outros contemporâneos. Os de
classe eram Sampaio, Franchini, Cristiano, Miranda, Gargantini, Prestes,
Frederici, Henri, o saudoso Paim (falecido ainda jovem), Pedro, Antunes, Ney,
Fernando, amaral, Tojal (o mais novo), Miquelini e tantos outros que a memória
nos trai. Eos contemporâneos Cardela, Rui Almeida, Tórtima, Marsaiolli,
Foot, Zé Neves, Rangel, Badaró, Paulo e Nenê Scolfaro, Eglantina Lobo, Elza
Pìnarel, Eglantina Chaves e tanta gentes que, Deus queira, possamos rever e
matar saudades. Ainda apagar alguma
mágoa que tenha ficado daquela fase de nossa
vida-história. São muitas molecagens e travessuras. Então, precisaria de um
diário para descrevê-las. Mazzotini.
Em 1961, fui para o Colégio Culto à Ciência: realização de um sonho
pessoal dos meus pais, que tanto orgulho sentiam em saber que seus filhos
poderiam estudar no melhor colégio daquela época. Éramos pobres e a minha
entrada lá era praticamente impossível, embora o colégio não fosse pago.
Naquela época, estudavam filhos de tradicionais famílias campineiras e da
região, filhos de donos de usina de açúcar, de médicos etc.. Fiz todo o
ginásio, cursei o primeiro e o segundo Científico e, como tivesse dificuldades
em Física e Química, fiz o segundo e o terceiro Clássico. No final, acabei
cursando a Faculdade de Administração de Empresas, me formando pela PUC em
1972. Tive muitas passagens interessantes na minha vida no Culto à Ciência,
mas algumas delas foram marcantes. Uma que me marcou profundamente, foi quando
um ex-aluno famoso visitou a escola e que nos foi apresentado com muito orgulho
pela nossa diretoria. Naquela época, eu sonhava em ser atriz de teatro e
colecionava todos os artigos de revistas e jornais sobre a vida do Carlos Zara.
Consegui me aproximar dele e com o meu impecável uniforme de ginástica todo
branco, que era elogiado por todos pela maneira como a minha mãe cuidava,
cheguei até ele e lhe perguntei como eu faria para entrar no teatro. Ele me
respondeu rapidamente e com um sorriso que eu nunca mais esqueci: “É só
você comprar um ingresso.”. Senti muita vergonha na presença de outras
pessoas e deste dia em diante, perdi a minha ilusão de ser atriz. Rasguei tudo
o que tinha colecionado sobre a vida do Carlos Zara. O tempo passou e eu acabei
entendendo a sua resposta e continuei à admirá-lo. Outra passagem foi a
primeira vez em que enforcamos aula e eu chorei muito porque não queria ir.
Saímos escondidos do colégio, no assoalho da perua Rural Willis do Anuar e
fomos tomar chopes no Bavária, em frente ao cine Ouro Verde, na Rua
Conceição. Só chorei nesta vez, pois acabei descobrindo que era bom e
emocionante enforcar aulas. Fizemos uma viagem inesquecível à Caverna do Diabo
mas não me recordo do ano. A turma era do Morey, Amadeu Tilli e outros tantos.
Só me lembro que o Morey levou lanches e eu acabei escrevendo uma poesia para
ele. Lembro de uma vez ter chamado a Regina Duarte em sua classe, à pedido do
seu marido, na época seu namorado. Ela não estudava na minha classe, mas
estudou numa mesma época. A minha primeira paixão de adolescência foi o
professor Biojone, a quem eu amava, vamos assim dizer, platonicamente. Só eu
sabia. Era o meu ídolo. Uma vez, derrubei da muleta uma colega de classe que me
chamou de puxa-saco da professora de Latim, dona Zilda Rubinsky. Ela rolou
escada abaixo e eu não consigo lembrar do que aconteceu comigo depois desta.
Lembrando do professor Samuel, a dona Zilda conseguiu que ele me desse aulas de
desenho, porque eu não conseguia acompanhar as aulas do professor Inácio. Aí,
consegui melhorar bastante. Eu, na minha primeira prova de Latim, tirei 0,5.
Dona Zilda me colocou para ter aulas de reforço com a Sônia Kauppert e eu
melhorei muito meu Latim ficando com notas muito altas. Minha mágoa é não ter
conseguido guardar minha primeira poesia, quando recebi um elogio do professor
Alexandre. A
partir daí, comecei a escrever. Uma vez, o Amadeu Tilli me levou à
casa da Hilda Hilst, juntamente com meu caderno de poesias e ela gostou muito.
Pena que eu não tenha conseguido guardar nada daquela época. Eu morava no
bairro Ponte Preta e ia à pé para o colégio. Na volta, quase todos os dias,
coincidentemente, eu estava no caminho da dona Zilda, que tinha um Renault
Dauphine (nem me lembro como se escreve). Ela saía da escola com os filhos (5)
e com a cachorrinha pequinês Kitty e ainda me dava carona, pois eu morava
próximo de sua casa. Quase todos os dias o guarda nos parava; dona Zilda estava
sem os documentos e a cachorrinha queria morder o guarda. Dona Zilda ainda dizia
por que o guarda a parava, se sabia que ela nunca trazia os documentos! Quando
eu tinha oportunidade de estar em sua casa, eu sempre lhe pediu para tocar
“Sonata ao Luar”. A Sonia (hoje pianista famosa nos Estados Unidos) deveria
ter uns quatro anos e também já tocava piano com muita graça e classe. São
muitas as recordações pois afinal foram oito anos passados dentro do colégio.
Foi uma vida que se passou e agora nesta comemoração de 125 anos a mim parece
rever um filme em preto e branco, com uma emoção sem palavras para defini-la.
Marina de Oliveira – turma de 61-68
...e o pessoal continua aprontando, mesmo depois de sair do Cultão. No
último 13 de outubro, estávamos reunidos na Fonte São Paulo, discutindo
detalhes da festa, como
patrocínio, fotos etc.. De repente, impulsionado por um
desejo maligno, o Mossa levanta da mesa (ele estava sentado em frente ao Stuchi)
e começa a vasculhar as gavetas da sala, procurando algo... Quando achou, os
olhos dele atá brilharam: uma caneta hidrocor! O que ele fez? Pegou
discretamente os óculos do Stucchi e pintou as lentes de preto!! Quando o
Stucchi viu, (impressionante!) olhou direto para o Mossa e mandou: “Seu f...,
só podia ser você!!!”. E nós achávamos que só aluno dava trabalho...
Marcio Luis Hilkner Silva
Meu nome é Elza Mendes de Paula, filha do professor Carlos Francisco de
Paula e... tia do Carlos Francisco de Paula Neto, que vem honrando o nome de seu
avô e participando tanto com suas agradáveis lembranças. Uma das coisas que
mais me marcaram durante o meu curso no Culto à Ciência foi um zero bem
redondo que recebi no exame de Geografia, dado pelo professor Antônio Cezarino
Junior. Ao saber quem eu era, o professor Cezarino foi pedir desculpas ao meu
pai, alegando não saber que eu era sua filha... Papai, imagino que
chocadíssimo, respondeu ao colega: “Se ela mereceu zero na prova, não há
por que se desculpar, pois ela é uma aluna exatamente como as outras...”. Meu
vexame foi enorme, me sentindo ainda mais envergonhada perante meu pai, pela
maneira como ele veio a saber da terrível nota...
Elza
Mendes
de
Paula
-- turma de 38
Não é um causo nem um caso. É uma homenagem, mais uma aqui, à nossa
grande mestra Zilda Rubinski. Vejo pelos relatos chegados até agora o carinho,
a admiração e o respeito que muitos dedicam a ela. Na última vez em que nos
encontramos, disse a ela o que já havia escrito numa crônica do Correio
Popular: “Querida, a senhora é a grande culpada por eu ser jornalista.”.
Ela me ensinou a gostar de Português, a sentir como é bela essa inculta
última flor do Lácio. Com ela aprendi nosso idioma desde seu berço - o Latim.
Dona Zilda me ensinou a não ser tímido, a escrever de forma clara e simples.
Um pouquinho, espero, aprendi. Quero vê-la outra vez, querida, para beijá-la e
agradecer. Agradecer sempre sua passagem pelas nossas vidas, ajudando, como
nossos pais, a construir nosso caráter. Obrigado, de coração.
Moacyr
Castro
Muito antes do aparecimento da Mary Quant, nossa queridíssima Mariinha,
professora de Música, já havia, para gáudio da moçada, usado a minissaia.
Dona Mariinha sempre esteve muito à frente nos conceitos da verdadeira moda.
Por estar muitos anos à frente de todos, muitas vezes não era entendida,
Quanto nós teríamos evoluído, se a tivéssemos entendido mais cedo. Ela
possuía uma visão do futuro que nós não tínhamos.
Bicudo
Realmente,
tem sido muito emocionante e extremamente reconfortante recordar todas estas
histórias e experiências contadas por ex-companheiros, muitas das quais
presenciamos ou vivenciamos pessoalmente em nosso querido e inesquecível
“Culto”. É muito bom sentir através dos relatos a presença viva de
ex-colegas e ex-professores que tanto aprendemos a amar! Queria apenas
reverenciar e rememorar as antigas disciplinas de Artes Industriais (para os
meninos) e Artes Culinárias (seria isso?) (para as meninas), onde aprendemos os
fundamentos dos serviços em gráfica, marcenaria, cerâmica, metais. Quantos
objetos fabricamos, lembram-se? (abajures, raladores, cinzeiros, potes, blocos
de notas, tábuas de bater carne...). Tudo isso aprendíamos em nossa
inesquecível sala de Artes, com os professores Sílvio e Granja; enquanto da
sala das meninas vinha sempre um cheirinho gostoso de quitutes, que depois eram
levados para a sala de aula. Lembro-me também da disciplina opcional no 3º
ginasial: Técnicas Comerciais (professor Fernando, vulgo “Chaminé”, de
tanto que fumava); Eletrônica, no 4º ginasial (professor Normanha/Joca), onde
fabricamos amplificadores de som, luz estroboscópica, dimmer etc.. Isto sim,
realmente, era um colégio. Quão bom está sendo recordá-lo! João
Gottardo Labigalini Junior – turma de 68-74
Canadá, Vancouver, 17 de novembro de 1998. Alô pai... Estes dias fiz um
comentário de como esta festa do Culto à Ciência deve estar sendo importante
para você, pois a mencionava a toda hora para mim em seus e-mails. Agora que
chequei ao site do “Cultão” e li a seção de contos e causos, entendo perfeitamente a sua paixão por este tão falado colégio. E, também, sei que
não é apenas você que está ansioso, mas sim todos os ex alunos. Li vários
causos e, acredite, fiquei emocionado por sentir tanta paixão e admiração dos
ex-alunos pelo colégio, o que é coisa rara. Senti a união que existia entre
vocês e a vontade de viver aprontando, na qual você era (e ainda é) mestre.
Parabéns a todos da comissão organizadora pelo sucesso da festa, que será
demais e muito emocionante. Farei questão de acompanhá-la pela internet. Um
abraço apertado e com admiração do filho que te ama...
Bruno
Zammataro
Bem gente, esta aconteceu em 1956, no pátio dos rapazes, entre nós e o
nosso querido bedel o Sr. Cardomone. Algum moço do colegial trouxe para o
pátio uma camisinha e inflou-a, dando um nó na extremidade. Então, aquela
bizarra bexiga subia e descia ao sabor do vento pelo pátio. Nós, os meninos
menores e mais novos, nos aproximávamos com curiosidade e alguém perguntou:
“Porque esta bexiga é assim?” Rapidamente, veio a resposta. “É uma
camisinha!” Foi um momento mágico de malícia, porque quem não sabia
aprendeu na hora, através de um sussurro forte e baixo, que passou de ouvido a
ouvido. Logo depois, risadas altas e gargalhadas. Muitos faziam gestos e
mímicas imitando macacos. Imaginem uma roda, uma enorme massa de garotos
correndo atrás daquela bola que subia e descia. Todos gritavam: “Vamos penar,
pena, pena!” Histeria geral. Aí, apareceu o Sr. Cardomone, que tentava tirar
a grande salsicha do pátio. De nada valiam as suas ameaças de suspensão.
Quando ele chegava perto, ela escapava de suas mãos. Os mais velhos e
experientes ficavam rindo de longe, saudando-nos com a imponência de tribunos
romanos, encorajando-nos a continuar. Todos com a mão direita em saudação e a
esquerda na boca, que soltava “Ohs!” de falsa pudicícia e surpresa fingida.
Gostávamos da cena. Uma febril e selvagem massa de garotos hipnotizada
pelo
tabu corria atrás daquela deformada bola, dando tapas para cima. Aquele enxame
conseguiu manter o Sr. Cardomone correndo por uns cinco ou dez minutos.
Finalmente, ele pegou o “pênis” gigante entre as mãos e, ofegante,
estourou-o, dizendo: “Seus tolos! Tudo isso por causa de uma simples bola!”
Vaias e gargalhadas foram ouvidas por todo o pátio. Muitos precisaram se
segurar de tanto rir, outros se contorciam no chão sem parar de dar risadas.
Foi uma divertida aula de sexo, com demonstração de material, naquele tempo
bravo de censura e puritanismo. Havíamos jogado para fora tudo que era
reprimido, foi uma sensação de grande leveza e euforia geral. Orgulhosos,
pequenos magarefes, julgamos ter demonstrado grande experiência no trato dessas
coisas. Jader Ricci Prado – turma de
56-61
Os funcionários do Cultão: quando falamos do Culto a Ciência, é muito
importante fazer sempre uma menção especial ao seu quadro de funcionários. É
claro que estou falando da década de 50. Quem não se lembra da voz possante da
Gladys Pierre, não só quando nos advertia, mas também quando cantava. Do
carinho da dona Celina Mesquita, da dona Angelina, da dona Erotildes, sempre
prontas para atender as alunas que a elas recorriam e das outras, que a memória
me falha. Isto do lado feminino. No lado masculino, tínhamos o Cardamone,
Biojone e o seo Otacílio, assassinado no próprio colégio, em uma noite
fatídica. Duros, quando era preciso manter a disciplina, amigos e conselheiros,
quando a eles recorríamos. Professores do Cultão: vamos nos lembrar agora de
alguns professores que muito marcaram nossas vidas e nos serviram de exemplo
para o resto de nossas vidas. Hilton Federicci, que com sua personalidade
marcante, transformou o ensino da Geografia. Para que tivéssemos uma
sala-ambiente, solicitava a colaboração de todos com um cruzeiro. Naquele
tempo, já formava nos alunos a conscientização da importância da
participação de todos na melhoria das condições do ensino. Professora Ancila
Bannwart era o carinho personificado. Mais do que professora, era a nossa irmã
que nunca falhava. E em suas aulas de História Geral, nos transmitia uma visão
plena do mundo que ela tinha visitado e que seus olhos azuis-celeste tão bem
captaram. Dona Agueda Sarto, em suas aulas de História. Ela, que era
sobrinha-neta de Pio XII, tinha a capacidade de inter-relacionar
os
acontecimentos do passado com os atuais e de sua matéria com as outras que nos
eram ministradas. Francisco Ribeiro Sampaio nos ensinou o Português correto e
casto, nos fez conhecer os grandes autores da língua portuguesa, principalmente
Camões. Professor Lívio Thomás Pereira: além de suas excelentes aulas de
Matemática, nos transmitiu sua personalidade marcante de um homem a quem jamais
ninguém poderia imputar qualquer falta ou deslize. A ele devemos em grande
parte o Hospital Álvaro Ribeiro. Professor Moacir Campos, que ensinava Física
como ninguém, sempre apressado, trazia o programa sempre em dia. Nós, seus
alunos, ingressamos diretamente nas faculdades, sem necessidade de cursinhos.
Ignácio Landel, o grande professor de Desenho e que também era um grande
pintor e a quem aqueles que optaram pela Engenharia muito devem.
Bicudo
e Lucinha Bicudo
“Tu, meu Culto à Ciência, és orgulho desta moça falange estudiosa.
A teus pés minhas flores debulho, tradição de Campinas gloriosa!” E depois?
Alguém lembra? Cláudia Adolfs Ziggiatti
- turma 65-72 (repeti o 1º Colegial)
Estava esperando que alguém contasse, mas como até hoje
ninguém se
atreveu, aqui vai: foi em 68, 1º Clássico. A grande miss Fobê, no primeiro
dia de aula, dá como trabalho, para ser entregue no fim do ano, várias peças
de Shakespeare. Cada equipe faria o que quisesse com elas. O Amadeu Tilli, que
já fazia teatro (tinha até participado de uma novela na TV Tupi), não deixou
por menos e resolveu apresentar mesmo uma das peças. A escolhida foi Othelo e,
para compor o elenco, tivemos de juntar duas equipes. Fobê, que a princípio
duvidou que conseguíssemos, percebendo nosso entusiasmo, também se
entusiasmou. Foram meses e meses de ensaios, com o Amadeu ensinando a gente a
ser, pelo menos um pouco, ator. O texto da peça era um desses livrinhos de
bolso. Tilli se imcumbiu de adaptar
o texto à nossa total ignorância de
teatro, cortando (meu Deus!) frases e mais frases do bardo inglês, mas de modo
que a trama do terrível Iago acabando com o romance de Othelo e Desdêmona
ficasse, digamos, quase intacta. Eu fui Brabâncio, o pai da donzela. Tilli,
claro, foi Othelo, pintando o rosto e a mãos de preto, para ficar igual ao
mouro. Marisa Lage, louríssima à época, foi Desdêmona, tendo de renunciar,
pelo menos no palco, às incríveis minissaias que ela usava na classe (ai!).
Como faltava homem no elenco (faltava no bom sentido, claro!) a Lúcia, então
minha namorada, fez o Dodge de Viena. O Hipólito era o Iago e muitos outros e
outras trabalharam na peça, que teve de ser apresentada fora do Culto, pois
havia muita gente interessada em vê-la. Requisitamos o teatro da então
Secretaria de Educação e Cultura, localizado na Avenida da Saudade, que teve
seus 400 lugares totalmente tomados. Cenários imitando Veneza, trilha sonora
tirada da vasta coleção barroca do Tilli, a gente vestido a caráter,
nervosismo total nos bastidores, todas as famílias dos metidos a atores
presentes. E no fim, aplausos, muitos aplausos que se misturaram às lágrimas
tanto na platéia quanto no palco. A coisa foi tão boa que Miss Fobê deu 10
para todo mundo e às vezes conta essa história até hoje em palestras que a
querida mestra dá por aí. Valeu Fobê! Valeu turma!
Edmilson Siqueira
– turma 63-70.
Em 1971, quando houve a reforma do ensino que transformou os cursos
primário e ginásio num único primeiro grau de oito anos, nós ainda recebemos
um certificado de conclusão do grupo escolar. Apesar de ainda ter de enfrentar
o exame de admissão para o ginásio, ao entrarmos no colégio em 1972, viramos
alunos de 5a. série, e não da 1a, como tinha sido até então. As
mudanças continuariam, e em 1976 o Ginásio do Estado (nome do Culto à
Ciência anos antes) deixaria de oferecer o curso ginasial. Como uma das
últimas turmas a cursar a segunda parte do 1o. grau, tivemos a oportunidade de
ter aulas de Francês (infelizmente já abolidas em muitos colégios, mas que
seria útil para vários alunos no futuro) e aulas de Canto na sala 6, que
dispunha até de um piano. A professora desta matéria no inicio de 1972 era
dona Maria Aparecida (se não estou enganada), que deixou o colégio logo após
os primeiros meses. Para substituí-la, entrou dona Gladys Pierre, para surpresa
de todos que a conheciam como inspetora de alunos e ignoravam seus conhecimentos
musicais. Havia também as aulas de Artes Industriais para os rapazes, como já
foi descrito em outros casos aqui relatados, e para as moças, a matéria era
Educação para o Lar (professoras Maria Elisa e Ana Lilian), que incluía não
somente culinária -- que todo mundo percebia, pelo aroma que se espalhava pelo
corredor do porão ao final da aula, mas também trabalhos manuais, como corte e
costura, crochê, acabamentos artísticos em quadros, pintura de camisetas --
muitas pequenas empresas podem ter sido inspiradas nestas aulas. Apesar de a
escola ser pública, várias matérias tinham salas próprias para que as aulas
fossem ilustradas com experiências práticas. Quem não se lembra da Sala de
Ciências, com a famosa caveira e os armários com materiais vários para
ilustrar as aulas? ou da Sala de Geografia, com globo, mapas e bandeiras,
amostras de solo, fósseis etc.. Como conseqüência, quem mudava de sala a cada
aula eram os estudantes, ficando o professor na sua sala com o seu material
didático, ao contrário do que ocorreu depois, quando este sistema foi abolido.
Além das matérias obrigatórias e essenciais para a formação básica, os
alunos que desejassem poderiam ainda ter aulas extracurriculares, tais como
Datilografia, com o professor Semedo (bastante valorizada no mercado de trabalho
da época, e que até hoje pode fazer falta para o pessoal que utiliza
Informática); Violão (dona Cleusa Garbo), Taquigrafia e outras. A formação
proporcionada pelo colégio, longe de ser somente acadêmica ou visando o
vestibular ou colégio técnico, transmitia cultura e preparava para a vida, e
isto fica ainda mais evidente quando nos damos conta de que hoje em dia, uma
escola é considerada bem equipada se dispõe de aulas de Inglês e de
Computação, mesmo negligenciando a formação básica, do raciocínio mais
elementar e da boa capacidade de expressar idéias. A vida exige mudanças e
devemos aceitá-las, mas será que realmente o ensino foi aperfeiçoado?
Heloísa
Peixoto de Barros Pimentel
– turma de 72-78
Cadê a turma dos anos dourados, que não se manifestou até agora?
Entrei em 1949 e saí em 1956. Onde anda o Alexandre Ribeiro? José da Costa
Neves? Os Carvalho e Silva? Volpe? Benjamin de Sousa Neto (Mosteiro de São
Bento)? Ralph Tórtima? Guilherme Nogueira? Os Abdallas, em especial o Celso
Maury? Peri Chaib? Ruy José de Almeida Barbosa? Nosso conjunto musical das
aulas de Maria Aparecida Mota? Caio Canguçu de Almeida? Germano Melchert?
Michel Goudet Henry? Sérgio Uzeda Moreira? Maria de Lourdes Reis? Neuza Pommer?
Úrsula? Rudolf Uri Hutzler? Benedito e Joaquim Barreto Fonseca? Queiroz Telles?
Vou parar por aqui, senão acabo chamando todo mundo...
Júlio
Cardella
-- turma de 49-56
Na década de 50, o Cultão foi aquinhoado com o ingresso de duas
excelentes professoras de História, Ancila Bannwart e Agueda Sarto. Cada uma
delas tinha um tique nervoso dos quais nós nos aproveitávamos
para fazer
apostas do tipo bolão. Ao darem suas aulas, cada uma tinha uma expressão de reforço
de suas afirmações. Dona Agueda sempre falava “Nhé” e dona Ancila
usava a expressão “Conta-se que...”. Então, fazíamos
a aposta para
adivinhar quantas vezes cada uma usaria o seu tique nervoso e quem chegasse mais
próximo ganharia o bolão. Com isso todo mundo prestava uma atenção imensa
à aula, para marcar o número de vezes que as expressões eram usadas. A
campeã entre todas as vezes foi dona Agueda, que falou 102 vezes “Nhé”. Bicudo
Será que o Moacyr vai contar o causo do esqueleto que caiu em plena sala
de ciências? Ou aquele do time do ginásio que foi disputar o Estadual e ficou
alojado no Ibirapuera? Ou da introdução do jogo de dados no pátio valendo
“catecismo”? Quem se lembra? Vamos lá pessoal!
Nelson Junque
De fato, é emocionante ver todo o pessoal relatando fatos ocorridos
conosco em nossa juventude. Nós fazíamos história! Estudar no Culto à
Ciência foi uma glória. Relatando para meus filhos adolescentes o que foi
estudar no Culto à Ciência, eles não entendem, ou não acreditam, o que era
estudar num local querido, gostoso, onde todos éramos praticamente uma
família. Sem dúvida, foi um tempo inesquecível, que ficará marcado nas
nossas vidas e na história de Campinas. Tenho certeza de que se houvesse hoje
mais escolas como a nossa, a juventude atual não estaria com tantos problemas.
Nós, sim, tínhamos “tios”, e não os chamávamos assim. Agradeço à Deus
por poder ter conhecido colegas, professores e demais pessoas que somente
queriam nosso bem. E que bem fizeram a todos nós! Maurício
Nascimento de Queiroz
Estudar no Culto à Ciência
era um sonho, primeiro pela fama de melhor
escola da cidade, depois, sempre gostei de desafios e o exame de admissão era
dos mais difíceis, e, por fim, havia a principal razão de tentar passar no
Ginásio do Estado: econômica. Explico: trabalhávamos numa chácara, na
Fazenda Chapadão, onde produzíamos muitas verduras, frutas e flores,
mercadorias vendidas por meu pai nas feiras. Tínhamos, também, uma bela criação
de porcos que, além de fornecer carne e banha para consumo familiar,
havia as leitoas vendidas na época das festas, aumentando a renda, que não era
grande suficiente, apenas para se levar uma vida remediada, trabalhosa, mas
muito sadia. Assim, tornou-se um objetivo de minha parte estudar grátis
no
Culto à Ciência. Munido de tal propósito, matriculei-me no curso de admissão
da dona Yolanda. Foi uma rotina diária: pela manhã, quarta série primária,
no Castorina Cavalheiro, e na parte da tarde, curso de admissão. Finalmente
chega dezembro e os temidos exames. Fui eliminado de cara pela prova de
Português do professor Sampaio, mas tive mais sorte na segunda tentativa e, em
março de 53, me apresento com muita ansiedade para o primeiro dia de aula no
sonhado Culto à Ciência, onde estudei até 58, me transferindo para um
colégio mais fraco, afim de poder me preparar melhor para o vestibular no
último ano do Científico. Digo com sinceridade que passei um dos melhores
períodos de minha vida no Cultão. Com muita saudade, leio as histórias dos
colegas que também por la passaram. Saudade dos tempos de pouca
responsabilidade, muita camaradagem e amizade. Saudade dos intervalos das aulas,
quando nos reuníamos no campo de futebol, para jogar conversa fora, sempre
movendo de um lado para outro, evitando, assim, as brincadeiras mais violentas,
como a conhecida na época como cama-de-gato, que quase me casou um deslocamento
de ombro. Saudade do bar do Alo, sua esposa dona Jeanete e sua simpática filha,
que serviam um saboroso sanduíche de mortadela. Lembro-me claramente da face de
muitos colegas, mas os nomes me somem da memória. Com alguns mantenho contacto
pessoal ou através de familiares. Dentre estes, cito Antônio Fernando
Magalhães; Antônio José Luporini, tragicamente levado pela violência; Mauro
Freitas Leitão; Márcio Ribeiro; Márcio de Campos; João B. Piovesan; José C.
P. Tobar; Kussama; Picolloto; Honório Chiminazzo; Feliciano C. Passos; Eder V.
Ferreira; Joaquim C.Nascimento; Hélio S. Teixeira; Fernando B. H. de Melo; o
turco Feres; Massami Katayama, colega desde os tempos de admissão da dona
Yolanda até os bancos da faculdade, no Rio de Janeiro -- inclusive escolhemos a
mesma especialidade. Infelizmente, o amigo Massami já
não se encontra entre
nós. Aos mestres, gostaria de deixar aqui meus sinceros agradecimentos, afinal
foram eles que com muita paciência, disciplina e dedicação, nos ajudaram a
forjar nosso caráter e nos transmitiram
os conhecimentos que nos guiam pelos
meandros da vida. Novamente, a memória me falha, mas me lembro do professor
Stucchi; dos Lusíadas, do professor Sampaio, muito rígido na nota, mas um
grande coracão; professor Hilton, com seu “reino” de Geografia, na sala 10,
sempre impecavelmente limpa; professor Lívio, alma bondosa, com o teorema pé
de galinha e sua expressão
“Mochinho”; professor Basílio, que caminhava diariamente
para dar aula; professor Benevenuto Torres; Ignácio Landell; dona
Auzenda; Maria Estela, sempre alegre, de bem com a vida, com o seu carrinho
prateado; a simpática e charmosa Maria Helena Valverde; Eclair; Ancila; Maria
de Lourdes Pimentel, muito séria, “but very classy”. Dentre os
funcionários; não poderia deixar de mencionar sr. Dario e sua esposa dona
Maria; dona Gladys Pierre, cantora de ópera; sr. Cardamone; sr. Carpino; dona
Celina Mesquita; dona Angelina; dona Olga, cujo apelido deixo de mencionar
em
respeito à sua memória e à sua família. Longe que estou, com muita tristeza
comunico que não poderei estar na festa do dia 21. Mais frustrante
ainda é
lembrar que há poucos dias, estive aí em Campinas, porém garanto que no
Sábado, meus pensamentos estarão voltados para este magnífico acontecimento.
Finalizando, gostaria de sugerir à comissão, que no início das festividades,
faça um pedido de um minuto de silêncio em homenagem aos professores, colegas
e funcionários que já
não se encontram entre nós. Muito obrigado.
Diotoko Kiam -- turma de 53-59
Coincidências: há algum tempo, quando meu filho era adolescente,
entrou para um grupo de jovens patrocinado pela Maçonaria. Para freqüentar as
reuniões, que sempre eram nas tardes de sábados, combinava com outros colegas
que faziam parte desse grupo e, juntos, no mesmo carro, eu os levava a uma
cidade vizinha. Na primeira reunião, também fiz parte, como assistente, mas
percebi que minha presença poderia tolher a liberdade dos jovens. Sendo assim,
nas demais reuniões, que eram mensais, procurei deixá-los à sós e aproveitei
o tempo para uma visita ao shopping center recém-inaugurado. Na outra reunião,
fui ao cinema. As reuniões desse grupo eram realizadas numa loja próxima ao
cemitério da Saudade, nesta cidade. No sábado seguinte, como a reunião iria
demorar, fiquei estacionado junto ao portão lateral desse cemitério. Por
curiosidade, entrei. Minha emoção era aumentada, cada vez mais, pela
arquitetura dos túmulos e das imagens. Tendo estudado na minha juventude nesta
cidade, pude vislumbrar pessoas que tinham já falecido, algumas conhecidas.
Realmente, me surpreendia com as datas e os fatos relatados nos túmulos que
constituíam a história daquela metrópole. Circulei por grande parte do
cemitério, sempre detendo-me e relacionando-os com os acontecimentos de cada
época. Cada jazido trazia consigo algumas explicações: doenças, pestes,
crimes, perseguições políticas... Túmulos enormes e arquitetônicos
homenageavam figuras e vultos notáveis daquela cidade. A tarde ia caindo,
quando comecei a sentir a presença de algumas pessoas, bem vestidas, com trajes
escuros, que chegavam em cortejo. Percebi que acompanhavam o sepultamento de
alguma pessoa importante da cidade. Aproximei-me e acompanhei o féretro. Olhava
para as pessoas sem conhecer nenhuma, eram todas estranhas. Mesmo assim,
continuei junto a elas, mas notei, também, que não se preocupavam com a minha
presença. Afinal, para velório, todos estão convidados, não há necessidade
de comunicações antecipadas. Por fim, chegando ao lugar do sepultamento, a
urna seria depositada no jazigo, e foi quando começaram os discursos em
homenagem ao falecido. Vários oradores usaram da palavra para enaltecê-lo,
graças à sua participação na sociedade como benfeitor e filantropo. Disse um
dos oradores que sua vida fora pautada na ajuda ao próximo, principalmente à
criança carente. Quando o primeiro orador referiu-se ao falecido, mencionando
seu nome, senti uma grande emoção. Estava sendo sepultado naquele momento
aquele meu velho professor do colégio. Fiquei perplexo. Confuso. Teria havido
coincidência para eu estar naquele momento no cemitério e prestar, sem querer,
uma ultima homenagem ao tão dedicado e inteligente mestre? Por muito tempo
essas cenas não sairiam de meu pensamento. Terminado o sepultamento, a comitiva
se desmanchou. As pessoas, rapidamente, se iam retirando naquela tarde que já
escurecia. Eu também fui me retirando, pois a reunião de meu filho estava
acabando. Num dos corredores laterais do cemitério, alguém me chamou. Fiquei
surpreso e assustado. Quem me estaria chamando se eu não tinha reconhecido
ninguém no cortejo? Era seu sobrinho quem me chamava e ainda pelo nome. Ele
havia morado em minha cidade e sabia que tinha sido aluno de seu velho tio.
Abraçando-me, cumprimentou e agradeceu a minha presença naquele momento tão
triste de despedida, e ainda concluiu: “Na hora da morte, é que se conhecem
as pessoas que gostam e nos admiram. Pude acompanhar o trabalho de meu tio como
professor por mais de trinta anos e aqui vi raros alunos... Muitos alunos ocupam
lugar de destaque na sociedade, na região e em nosso país e aqui não
estiveram... É muito triste como as pessoas esquecem e não reconhecem...”.
Não pude dizer nada em contrário. Foi uma oportunidade que tive de
homenageá-lo, embora por coincidência. Mas, coincidência ou não, eu estava
lá no velório do velho professor amigo e ainda recebi o agradecimento de seus
familiares. Meu filho e seus colegas saíram da reunião, subimos no carro, e eu
ainda olhei, mais uma vez, para o cemitério, incrédulo com o acontecimento. Na
viagem nada comentei aos acompanhantes. Eles eram ainda muito jovens para
entender as coincidências da vida e as razões de estarmos nela... JH
Fozati Cosmópolis/SP
Meu “causo”, na realidade, “episódio”, ocorreu no ano de 1977,
durante o segundo colegial, na época transformado em colegial técnico em Construção
Civil. Em função desta transformação, alguns professores de
outras disciplinas e instituições passaram a fazer parte do corpo docente de
nossa gloriosa escola. Poderia citar nominalmente pelo menos três deles, porém
nosso episódio esta focalizado no professor Osvaldo Nascimento, grande mestre,
vindo, segundo as conversas da época, do ITA. Sua capacidade de ensinar Desenho
Técnico foi algo de fantástico, com experiências muito gratificantes que, em
meu caso, marcaram tão profundamente, que creio dever a ele boa parte da minha
capacidade de lidar com estruturas geométricas, arquitetônicas, vistas de
peças mecânicas etc.. Ele era um professor de vanguarda, ou pelo menos com
novas técnicas de ensino. Em uma de nossas aulas, o tema era conseguir esculpir
uma peça de formato cúbico com vários detalhes em suas faces em três dimensões, a partir da observação de suas diversas vistas rebatidas no plano.
Para tal, pediu numa aula anterior que no dia marcado trouxéssemos uma barra de
sabão e uma faquinha, para realizarmos a escultura da peça -- tudo valendo
nota de trabalho, como numa prova. Nossa aula transcorreu mais ou menos normal,
com algumas pequenas gracinhas, mas chegamos sãos e salvos ao final. Porém,
quando o professor Osvaldo deixou a sala de aula, presenciei e participei da
maior guerra de pedaços de sabão da minha vida. Como conseqüência, quase
fomos suspensos e nunca mais tivemos oportunidade de poder realizar este tipo de
exercício. Notei uma grande decepção em nosso mestre, daquele tipo: “E eu
achava que vocês já estavam um pouco mais maduros...” Marco
Antônio Duarte Novo -- turma de 72-78
Doutor Davi, inspetor estadual, ia em cada carteira assinar as provas
parciais de junho e finais, em dezembro. O fato que vou relatar não posso
provar, mas colegas de classe garantiam que realmente aconteceu. Foi o seguinte:
na prova parcial de Latim, do profesor Benê, terminadas as questões, confessadamente
achando que tinha feito uma boa prova, fiquei parado, reconferindo
as respostas e o doutor Davi estava circulando pela classe e achando que eu
estivesse a fim de colar. Ele se aproximou de minha carteira e, muito
mansamente, colocou a mão no bolso de meu blusão. Como não achou a cola que
antecipava, me deixou em paz. Considerando que colegas veteranos contavam que
ele chegava a subir naquelas árvores, logo na entrada masculina, para
fiscalizar provas nas classes do segundo andar, a veracidade do fato relatado
torna-se mais forte. Fiquei muito zangado quando me falaram de tal ocorrência.
Comentando com a família, havia planejado trazer alguns vidros quebrados no
bolso para a prova seguinte. Idéia que me valeu uma tremenda bronca de meu pai.
Ele disse que eu devia estudar mais e não deixar suspeita de colador. Minha satisfação
pessoal foi que nesta prova consegui arrancar um sonoro 10.
NakaYagi
Nos idos de 1975, último ano do glorioso curso ginasial do Culto à
Ciência, eu estava na 8a. Série C, na aula de Inglês do nosso saudoso Jacques.
Ele já tinha chamado, e fulminado, uns três infelizes. Minha torcida para
escapar daquela chamada era enorme, mas não teve jeito... Ele me chamou e
começou a tomar os verbos, na terceira pessoa do singular, onde temos que
acrescentar ‘s’ ou ‘oes’. Só que o nervosismo tomou conta, tudo se
apagou na minha memória. O Jacques também foi ficando nervoso e, como era seu
costume, começou a “rolar” sua cabeça contra o quadro negro (quem teve
aulas com ele sabe do que eu estou falando). Repetia, vermelho, com toda a
potência da sua voz grave: “Vamos, jovem!!!”. Eu tremia na base, coração
a mil, boca e memória a zero... De repente, soa o sinal, fim de aula!!! A
turma, tão estressada quanto eu, não perdeu tempo, levantou e começou a sair
da sala, como que fugindo. Eu não tive dúvidas: saí junto com eles. O Jacques
olhava incrédulo, mas não teve tempo para esboçar qualquer reclamação,
pois, ao mesmo tempo, a Angelina entrou na sala para lhe dar um recado.
Resultado: daquela eu me safei!
Jansle Vieira Rocha
-- turma de 72-75 (última turma de exame de
admissão e de ginásio)
Na turma do Clássico 53-55, havia um aluno de alta cultura, que redigia
como ninguém, querido pelos colegas e professores. Ele, entretanto, gostava de
desafiar seus colegas para uma disputa sui generis, na qual ele era o “rei”.
A disputa consistia em saber quem dava o mais longo e estrondoso arroto. E nisso
o Zé Flávio era o “rei”. Onde está você? Bicudo
Estou estranhando não aparecerem mensagens das décadas de 50, 60 e 70.
Será que todos não têm causos para contar? A turma da década 50 foi
contestadora, que trouxe a família dos colegas para participar, diretamente, nos
bailes no ginásio; para apresentações do coral da dona Mariinha; do combate
ao uso obrigatório da gravata; do recreio separado das meninas e meninos.
Tínhamos grandes bailarinos em nossos saraus dançantes
tais como José da C.
Neves, Edivaldo Orsi, Júlio Cardelli (naquele tempo ele não era Cardella).
Vocês se lembram de quando fechamos o portão do colégio com uma corrente e
cadeados? Vamos lá minha gente, vamos contar as nossas estórias. Jesuíno
Bicudo de Avelar
Os seresteiros do Cultão. Na década de 50, formamos um grupo de
seresteiros do qual participavam também elementos de outros colégios.
Participavam deste grupo, além de mim, Arley Zaratini; Sandoval, com seu
violino mágico; Cardelli (naquele tempo ele era Cardelli); Bicalho; Lauro
Moraes; Gordinho e muitos outros. Um dia, nos informaram que havia sido
instalado um novo pensionato
à rua doutor Quirino na altura da Major Solon. E
que as meninas de lá eram lindas. Lá fomos nós e demos o melhor de nós na
serenata. Através das venezianas, ouvíamos
as manifestações
das meninas
entusiasmadas. Mas elas não abriram as janelas. Quando avisamos que iríamos
embora, ouviu-se uma voz que vinha da janela dizendo “O Lar das Moças Cegas
agradece esta serenata.” E a partir daquela, todos os sábados iniciávamos
nossas serenatas partindo dali. Bicudo
A ex-aluna Heloísa Pimentel citou um fato que gostaria de complementar.
A ex-inspetora Gladys Pierre era famosa na nossa época, 1960 a 1965, pelos
gritos que ecoavam pelos corredores e salas. Tinha realmente uma voz
potentíssima. O curioso é que certa vez, na aula de canto da dona Mariinha,
isso por volta de 1960, ouvia-se lá fora a Gladys ralhando com alguém, em
altos brados. Comentário de dona Mariinha: “A Gladys deveria pensar melhor e
empregar esta voz que Deus lhe deu para o canto!!”. Taí, dona Mariinha, sem
dúvida, deve ter feito a cabeça dela. Carlos
Francisco de Paula Neto
Quem não se lembra da sala de Canto, a nº 6, e do professor Terceu?
Pois bem: tínhamos aula com ele aos sábados nesta sala e era sua rotina
colocar o banquinho do piano bem no centro da sala, para ministrar sua matéria
Em um determinado dia, ao entrar na sala, encontrou o banquinho já posicionado.
Ele ficou agradecido e se dirigiu para sentar, esquecendo-se do ditado ‘quando
a esmola é demais, o santo desconfia’. O resultado foi um tombo
cinematográfico, pois o autor havia desrosqueado o banquinho, deixando no
último fio. Era prática do Terceu dar alguns giros nele... Mas ele levou tudo
no maior bom humor, levantando-se e dizendo: “Isso é coisa do...” (Puxa!
Não me lembro do autor; se alguém se lembra, favor entregá-lo aqui. Afinal,
já se foram 20 anos e o ‘crime’ prescreveu.)
José
Fernando Braga Alves
Bons tempos do nosso Culto á Ciência. Quem se lembra dos desfiles de
Sete de Setembro? Saíamos perfilados pelo portão do ginásio, rumo à Avenida
Francisco Glicério. A disputa era pelos últimos lugares no pelotão, pois a
cada esquina era uma ótima oportunidade de fuga. Quem se lembra da tão
esperada inauguração da piscina, atrás do ginásio, onde um certo professor
de Desenho foi arremessado por nós com seu tradicional terno preto e seu guarda
chuva? Quem se lembra das guerras com saquinhos d‘água nos intervalos? Quem
se lembra do cigarro aceso que colocaram no esqueleto da sala de Ciências da
professora Amália? Quem se lembra do barbantinho que acenderam na aula do
professor de Desenho, o Mário? Ele mandou fechar as janelas e a porta e
continuou a aula como forma de castigo, frustrando
os autores, que esperavam pelo
cancelamento da aula. Boas lembranças dos nosso tempos dourados. José Fernando Braga Alves
Era o ano de 1954. Durante a aula de Educação Física com o professor
Stucchi, tínhamos 11 a 12 anos, e o professor, em seus conselhos, como era seu
costume, orientou a turma como falar o novo número do telefone em Campinas, que
naquela época passaria de quatro para cinco dígitos. Dizia o professor Stucchi:
“Falem o primeiro número em tom de voz mais alto e os demais, em tom normal,
para o interlocutor gravar na memória com mais facilidade o novo prefixo”.
Nisso, Badaró, o advogado, ergueu o braço e perguntou ao professor Stucchi, se
ele já tinha trabalhado na telefônica. Riso geral. O professor, sem perder a
calma, respondeu que não, mas já tinha residido na cidade de São Paulo... Rubens
Gilberto Alves Cruz -- turma de 54-60.
Sendo aluno do Culto à Ciência,
meu dever se resume no estudo. Se o cumprir, trago em paz a consciência. Sou
feliz e na vida isso é tudo. Claudia, aqui vão as primeiras estrofes do
Hino ao Culto à Ciência. Não me lembro se havia uma terceira parte... Aqui
fica a sugestão para alguém com boa memória colaborar também. Querida dona
Mariinha, que saudade de suas aulas, da califasia do Hino Nacional - será que
os estudantes de hoje sonham com o que pode vir a ser califasia?... Saudade
também dos seus ditados rítmicos, que na época eu detestava.
Não me esqueço, também, da origem dos nomes das notas musicais, vindas
do Hino a São João, que deveríamos saber em Latim. Por falar em Latim, um
carinho ao querido seo Benê. Só mesmo numa escola como a que tivemos o
privilégio de freqüentar se poderia saber de onde surgiram o dó ré mi fá
sol lá si... Vitoria Maria Mendes de
Castro Andrade -- turma de 58
Nelson Junque... Nelson Junque... Seria o Nelson Junque Júnior, que
estudou comigo, ou o primo, que há pouco tempo homenageou seo Colombo? Se é o
Junque Junior, foi o maior centroavante da década dos sessentas do Culto à
Ciência: Dario Panazzolo (Zé ‘Pio’ Francisco Graziano), José Palma
Sampaio, Junque, Pelé (o Guilheres Amâncio) e Mário Nakano. Esse era o ataque
do timaço! Já falei dele numa crônica no Correio
Popular. Agora, o desafio: o jogo de dados foi introduzido, se bem me
lembro, pelo Roberto Bugue de Andrade e pelo Paulão César Leite, mais o
Ricahrd James Frederigh, o Aílton ‘Guerrinha’ Carvalho Garcia, o José
Roberto Martins Pereira, o Edgard Norder e outros delinqüentes
(no bom sentido)
da Terceira Série E de 1963. Os catecismos eram fornecidos pelo Chicão
(Francisco Camargo) que, para reforçar a mesada, alugava-os para os colegas,
por Dez Cruzeiros por dia (aquela cédula de dez com a efígie do Getúlio
Vargas -- arghhh!). Quanto à caveira, insisto em que nunca foi o Treco (Lineu
Pires Véspoli) que dava rasteiras nela, nem era ele quem punha cigarro acesso
da na boca da dita cuja. Moacyr Castro
Havia eu chegado ao colégio em meados de 61, transferido de Jundiaí e
fui colocado a estudar na 1ª MF. A sala era a que dava fundos para a Sala de
Trabalhos Manuais (do Sílvio Pirulito). De paletó de couro (era o único
que
tinha), cursei o resto do ano com calor. Mas meu problema era o Francês,
lecionado pela saudosa dona Lícia Pétine. Na primeira prova, não sei como,
fui muito bem, de tal forma que me sobraram elogios da grande mestra. Na
segunda, caí na real e a nota foi péssima. Não tive dúvidas: dona Lícia
gentilmente retirou tudo o que dissera de mim na prova anterior, na frente de
todos. Passei a odiar mais ainda a dita língua. Lamartine
– turma de 68
Adorei me lembrar da historinha contada pelo Edmilson -- das nossas
interpretações teatrais comandadas pelo Tilli. Só me lembro de que uma vez eu
representava o personagem Shakespeare contando em Inglês, é claro, um pouco da
sua vida. Trabalho da Fobé. Os ensaios eram na minha casa e até hoje minha
mãe se lembra da Regina Guedes, que gritava “Oh God, God, God!”. Seu
apelido ficou “Regina god-god”.
Vilma
Nista
Ainda não li nenhuma história da nossa querida banda (não ousem
chamá-la de fanfarra, tá?), criada pela Cleide e pelo Waldir. Foram tantas
apresentações que fizemos, tantas cidades que visitávamos, mas o melhor mesmo
era o churrasco que tinha sempre na volta de uma viagem, na casa deles. Será
que ninguém tem fotos da nossa banda tão famosa? Gostaria de rever os amigos
da banda, até mesmo aqueles especiais! Vilma
Leni Nista Piccolo
Lendo o texto enviado por minha prima Victoria Mendes Andrade, sobre a
nossa querida dona Mariinha, acho que, sem dúvida, é uma das professoras que,
de forma mais unânime, criou uma aura de simpatia e admiração de todos os
seus alunos. Para homenageá-la, aqui vai o Hino a S. João, citado no texto,
que é de autoria do italiano Guido DArezzo, que deu origem aos nomes das notas
musicais (em países de língua latina) e que ela fazia a gente decorar.
Perdoe-me, dona Zilda, pelos prováveis erros de Latim: Ut quant laxis/ Resonare
fibris/ Mira gestorum/ Famuli tuoroum/ Solve polluti/ Labii reatum/ Sancte (Si)
Ioannes Baptiste.
Carlos Francisco de
Paula Neto
Só quem estudou no Cultão sabe: 1) Quem não se escondeu atrás da
árvore, quando o Tojal mandava a gente dar cinco voltas no campinho em frente
à cantina, de forma a dar somente duas voltas? 2) Quem não teve vontade de
colocar uma bombinha no cano que saía do ralo da sala de datilografia? 3) Quem
não reparou que o professor Calazans (Ciências) chamava as “boazudas” da
turma para a sua tradicional “argüição”, só para olhar suas pernas? 4)
Quem não jogou a borracha no chão só para olhar a cruzada de pernas destas
mesmas “boazudas”? 5) Quem não levava um guarda-chuva quando ia tomar
bronca do doutor Telêmaco? 6) Quem não comprou raspadinha do seo Itamar, com
passe de ônibus da CCTC, depois de uma aula de Educação Física? 7) Quem não
teve de agüentar o humor do professor Pedrinho numa aula de História de
Segunda-feira, após o Guarani ter perdido no domingo? 8) Quem não procurou um
sapo para arrancar-lhe os pulmões e levá-lo para a professora Amália
(Ciências), que sempre prometeu um 10 para quem fizesse isso? 9) Quem não se
lembra do “famoso” terno do seo Milton, o porteiro do colégio? 10) Quem
não tem orgulho de ter tido a oportunidade de estudar num colégio como o
Cultão?Um abraço, Jansle Vieira Rocha – turma
de 72 - 76
Num dia de muito calor, nos deslocando para a sala de Física
do professor
Moacir, eu e o amigo Fernando Magalhães vimos um ninho de galinha com ovos no
capinzal que margeava o caminho. Ao voltarmos para a última aula, na sala 2,
aquela à esquerda de quem entra no prédio principal pelo portão central,
resolvemos apanhar alguns ovos, todos podres, que foram quebrados e depositados
dentro de cada carteira da última fileira da sala 2. Foi aquela confusão, todo
mundo cobrindo o nariz com lenço. Chamaram o Telêmaco. Ele queria saber se
tínhamos tido aula de Química, se havia alguém doente na sala etc.. Além do
Fernando, alguns colegas sabiam do que se tratava, mas ninguém dedurou.
Resultado: fomos dispensados mais cedo por falta de condições para
prosseguimento da aula. Por ser um fim de semana longo, ainda escapamos de um
gancho coletivo... O bonde 9, sempre o bonde 9... Se aquele bonde falasse,
muitas histórias, encrencas com cobradores e paqueras viriam à tona. Lembro-me
bem de um fato engraçado na época, aprontado por um aluno, muito gozador e
bagunceiro, que por ter a cara arredondada e usar óculos de aros grossos
era apelidado de “Coruja”, hoje um profissional muito respeitado em
Campinas. O “Coruja”, como todos nós, estava no estribo do bonde e, sentada
num banco próximo, estava uma linda garotinha de uns 6 ou 7 anos, com os
cabelos bem moldados em duas longas tranças, junto de sua mãe. Então, o
“Coruja”, na maior cara de pau, começa
a conversar com ambas. Muito sutil e
mansamente, o “Coruja” pegou as tranças da garotinha e, sem que ninguém
percebesse, amarrou-as no encosto do assento do bonde. Quando a mãe foi pegar a
filha para descer, ficou uma fera. A gargalhada dos estudantes foi geral.
“Mens Sana in Corpore Sano”: quem não se lembra desta expressão gravada no
madeirame do pátio? Pois bem, um colega da turma anterior á minha, aluno
exemplar, muito inteligente e estudioso, hoje ótimo profissional, muito
respeitado nos arredores de Campinas (por isso deixo de mencionar seu nome), fez
uma brincadeira que lhe custou, além de alguns dias de gancho, a transferência
para o noturno. Foi o seguinte: ele apanhou um objeto, hoje em dia um acessório
comum nas bolsas das mocinhas de pensamento politicamente correto ou avançado,
antigamente só usado com uma finalidade, funciona hoje também como remédio
preventivo. Para ser claro: pegou uma camisinha, encheu de água e pendurou no
madeirame. Quando descobriram, foi aquela confusão. Por ser bom aluno, o colega
recebeu como punição
mais séria a transferência para o período noturno,
tendo de se sacrificar bastante, pois viajava diariamente de uma cidade próxima
a Campinas. Naka Yagi
Falar em “Culto à Ciência” é relembrar fortes emoções. Os anos
que passei nesta escola histórica (86-89), cursando o Magistério, foram
realmente inesquecíveis. Lembro-me como se fosse ontem, do primeiro ano no
porão, as aulas terríveis e necessárias de professores como Cidinha
(Matemática), Vanderlisa (Física), Iracema (Química), Carlão (História),
Euclides (Geografia), Célia (Educação Artística) dentre outros de que não
me recordo. Foram pessoas especiais, que fizeram parte de um grande sonho meu:
entrar numa universidade pública. Durante o curso, professores como Sônia
(Português) e Clóvis (Didática) também deixaram saudades. A todos minha
eterna gratidão. Mas, falando da escola, sempre vivi grandes aventuras com
outras amigas, que gostavam, como eu, de desvendar os mistérios de cada canto
dela. Mesmo “adultas” na época, gostavam de fazer de conta, de fantasiar
fantasmas, monstros, de bisbilhotar no
sótão, de revirar a biblioteca. Não nos
importávamos com festas ou divertimentos. Éramos da turma que gostava de
estudar, que se empenhava em cada atividade, que vivia cada dia com alma e
coração. Respirávamos o mesmo ar que Santos Dumont respirou. Talvez o ensino
público não tenha muito crédito hoje em dia, mas sou testemunha viva de que,
com esforço e com a ajuda de Deus em primeiro lugar, se pode chegar lá.
Formei-me em 1989, e minha vida não era fácil. Trabalhei e estudei muito neste
ano, além de estudar para o vestibular. Não tinha dinheiro para pagar o
cursinho e tive que estudar o dobro. Entrei na Unicamp graças ao excelente
primeiro ano que realizei no Culto à Ciência e aos excelentes professores que
lecionaram as matérias do núcleo comum do segundo grau (obrigada, Iracema e
Vanderlisa pelas aulas terríveis!). Conclui meu curso de Pedagogia em 1993.
Neste ano, em agosto, defendi minha tese de Mestrado na Unicamp na área de
Psicologia Educacional e no ano que vem iniciarei o Doutorado na mesma área.
Sou feliz e realizada aos 27 anos, e tudo graças a Deus, que é o Senhor dos
Impossíveis, e à minha escola querida, que sempre levarei no coração.
Gostaria de falar mais. Quem sabe numa próxima oportunidade? Deixo aqui uma com
o professor Clóvis nas escadarias do colégio. Obrigada.
Adriana Emilia Heitmann Gonçalves Teixeira
Escrevo de um quarto de hotel em Las Vegas, onde estou para um congresso
(Comdex 98). Hoje à tarde, ao passar por um dos estandes da mostra, vi um
computador com acesso à Internet e, meio por acaso, abri a página do jornal
“O Estado de S. Paulo”. Quando vi o anúncio da festa do Culto à Ciência,
meu coração bateu mais rápido. Corri para sua página e, naquele momento, a
Internet justificou sua existência para mim. Estou fora do país há muitos
anos, moro no Canadá, e sempre sonho encontrar os antigos amigos do colégio.
Se tivesse sabido antes, teria arranjado um jeito de ir. Sou da turma de 72. Um
abraço para todos os do Culto à Ciência. Estarei com vocês pela Internet no
sábado. Parabéns pela iniciativa. José Colucci Jr.
Realmente
todos nós amávamos o Cultão. Tentando falar com todos os amigos da turma:
Alexandre Albrecht, o Cláudio, o Maurício Oki, o Walter, o Rogério, o
Marcos, o Beto, o Márcio..., é difícil encontrar o telefone de todos;
encontrei de um, de dois e assim foi. Quando consegui o telefone do Márcio,
toda animada para convidá-lo para a festa, a surpresa: “Bia, vai ser uma
surpresa estar lá, encontrar o pessoal,. Mas na realidade eu nunca estudei no
Culto, apesar de nunca sair de lá!” Ele era parte importante da turma, sempre
estava lá, nos intervalos, no final da aula. Um beijão, Bia. Bia -- turma de 87 "
1956, 3ª série ginasial MD: outubro - dia ensolarado - período da
tarde, tínhamos
entre 14 a 15 anos, primeira aula do dia - História Geral,
professora Eclair. Ela entrou na sala e após marcar a presença dos alunos,
dirigiu-se para a lousa e iniciou o desenho do mapa da região a ser estudada,
se não me falha a memória, Mesopotâmia. Aí algum gaiato na sala suspirou em
voz alta: “Chi! Mapa outra vez!”
A professora Eclair virou-se rapidamente e quis saber o autor da exclamação.
Como ninguém se acusasse, todos das duas fileiras da onde parecia ter vindo o
som foram levadas pela pela inspetora de alunos (senhora Mãe do Silvinho) à
Diretoria. Eu junto. Na época, o doutor Telêmaco era vice-diretor, mas ele que
se encarregou do caso e começou com tortura moral, agredindo o grupo com
palavras, afirmando que ninguém dos presentes honrava as calças que usavam.
Como ninguém acusou ninguém e o autor não apareceu, fomos todos suspensos das
duas aulas seguintes e ficamos detidos na biblioteca. Só fomos liberados para a
quarta aula, que tinha prova mensal. Os alunos das duas fileiras saíram-se
muito bem, porque passaram o tempo de detenção na biblioteca, estudando para a
prova. Rubens G. Alves Cruz – turma de 54-60
Poucos tiveram o privilégio de ter como professores de Educação
Física estes verdadeiros “monstros sagrados”: Stucchi, Mossa, Bento,
Tojal... Conhecemos esportes como poucos, pois temos noção de vôlei,
basquete, atletismo, handebol, natação etc... Mas o futebol está no sangue.
Não me lembro em que ano este fato ocorreu, pois era um prazer assistirmos à
aula de Educação Física. Naquele dia chovia demais e não haveria aula.
Estávamos
lá e o campo encharcado era um convite para uma partida. Fui procurar
uma bola, e nada. Achei uma novinha de basquete. Na chuva, todas as bolas ficam
pesadas... vai a de basquete mesmo. Eu, Armandinho, Gastão, Ceará, Galetti,
Lamartine, Avancini, Richter, Benjovengo, Rivabem... A partida foi emocionante e
muito disputada. Talvez pelo peso da bola, o jogo terminou 1 X 0. No dia
seguinte fui chamado pelo professor Stucchi, que deu a maior bronca: “Seu
perna de pau! Não sabe diferençar uma bola de futebol de uma de basquete?” E
tome “perna de pau”... Não houve suspensão, foi só uma grande bronca...
Mas até hoje, talvez pelo trauma daquele dia, não aprecio muito o basquete...
Até hoje não sei quem me dedou para o Stucchi...
Marcel
de Campos Bueno
-- turma de 64-70
Eu
me formei em dezembro de 1979 e em março de 1980, foi meu primeiro dia de aula
no Culto à Ciência, no primeiro colegial noturno. Tive muito cuidado ao
vestir-me, colocando um conjunto com “saia envelope” (última moda) e salto
alto. Ao chegar à classe, cumprimentei os alunos, sentei-me e puxei a cadeira
para junto da mesa. Só então descobri que esta era fixa (a famosa pé de
elefante) e quem foi para debaixo da mesa fui eu. Fiquei só com os pés para
fora. Fez-se um silêncio geral. Um dos alunos (que se estiver lendo gostaria
que entrasse em contato), o Aparecido, foi até a mesa e perguntou se estava
tudo bem. Respondi que não, pois não sabia como olhar para a classe se saísse
dali. “Vem professora, eu te ajudo.” E eu: “Não quero sair daqui.”
Ele: “Mas professora, você precisa sair, a gente nem te conhece.” Com a
ajuda dele, levantei-me senti-me ridícula. Estava com as costas doloridas (as
vértebras deslizaram
uma a uma no assento da cadeira), com a saia toda torta,
os cabelos desalinhados e os alunos se segurando par não rir. Tive um acesso de
riso e as gargalhadas tomaram conta da classe, que acabou sendo a melhor classe
com quem trabalhei naquele ano. Permaneci nesta escola por oito anos, dando
aulas de Educação Artística. Muitos episódios ocorreram neste tempo, alguns
tão engraçados quanto este e meus alunos devem recordar-se (se sim, por favor,
me contatem). Com as meninas do Magistério da manhã, fizemos uma dança e a
Andréa, em vez de bater os cocos enfeitados, fez um biquíni e acabou com a
dança, dando um show à parte. Essa mesma turma deu-me de presente, no dia dos
professores, um par de pernas-de-pau de cerejeira com ponteira de borracha (quer
presente mais original?). Quando fizemos apresentações de teatro,
precisávamos de uma caveira, pois um dos meninos imitava o “Bento Carneiro”
e o professor Ari (Física) nos emprestou a que usava no consultório. Passamos
um apuro danado para devolvê-la, pois os pestinhas começaram a jogar a caveira
e seus dentes (que eram só encaixados) caíram. Logicamente, não foram
encontrados todos. Com o pessoal do noturno, num dos ensaios, estávamos
trabalhando com mímica e dois meninos fingiam jogar ping-pong com um chaveiro
que fazia barulho igual ao da bolinha batendo na mesa. E a gente acompanhando
com os olhos. O senhor Renato (diretor da época) chegou e ficou olhando, sem
entender muito bem o que estava acontecendo. Um dos meninos fez
que deixou a
bola cair e foram procurá-la... E o senhor Renato foi ajudar, achando que havia
bolinha mesmo. O riso foi geral, ele ficou todo sem graça, mas acabou rindo com
a gente, por que foi muito engraçada a cena. Em outra apresentação, roubaram
meu sapato e tive de ir embora descalça. Por falar em sapato, o professor
Euclides era perito em esconder meus sapatos atrás do quadro de avisos da sala
dos professores. Zezé Oliveira
Eu sou a Thelma. Estive no Culto a Ciência de 65 a 70.
Quero contar que numa prova de História, do professor Pedrinho, escrevi uma
cola a lápis na carteira. Conforme ele passou pela sala durante a prova, as
palavras se destacaram, por causa do reflexo da luz do sol. Adivinhe. Tirei
zero! Não comparecerei à festa, pois estarei fora do Brasil. Estou morrendo de
inveja! Um beijo a todos. Thelma
Eu já não me lembro do
nome da professora de Português. Mas foi em 1967. Havia acabado de passar pelo
dificílimo exame de admissão e entrei na turma B. A minha grande amiga Maria
Olívia de Lorena era terrível... Quando a professora de Português foi
recolher as cadernetas, como de praxe, nós colocamos um sapo seco dentro de uma
delas... A professora quase teve uma síncope, pulou para trás e começou a
babar (o que lhe era costumeiro...). E a classe toda era só gargalhadas! Bons
tempos... Débora Patlajan e hoje
Débora Patlajan Marcolin
Porque os jovens da década de 50 e 60 eram tão contestadores? Sofremos
na carne os efeitos das transformações sociais oriundas da insegurança que
tomou conta da humanidade após a II Guerra. No Brasil, estávamos sob a
ditadura Vargas com todos os seus problemas. Em 1945, com a queda de Vargas e
com o governo de Dutra, vimos o nosso cruzeiro se desvalorizar assustadoramente
e com o suicídio de Getúlio, a ocorrência de novos problemas ou talvez
passássemos a ter consciência de que eles existiam. Os jovens europeus, com a
guerra fria, não sabiam qual seria o seu amanhã ou se teriam um futuro. Por
isso, queriam viver o presente plenamente, sem limites. Tudo isto fazia a nossa
cabeça. E nós, jovens, naquela época, importamos os seus ideais de liberdade.
Por isso, não aceitávamos, em um clima como o nosso, a imposição do paletó
e da gravata e também de não podermos partilhar do mesmo recreio com as nossa
futuras namoradas e esposas, como foi o meu caso e de muitos outros colegas.
Para exemplificar a nossa contestação, houve um dia em que entramos no
colégio com os paletós vestidos as avessas e com gravatas feitas com papel
higiênico. A turma era “brava”, vocês se lembram: José da Costa Neves,
Júlio Cardelli, Sandoval Novaes, Flávio Augusto de Ulhoa Cintra, os Irmãos
Carvalho e Silva, Ademar Strachmann, José Alfredo dos Reis Neto e muitos outros
que infelizmente já não convivem conosco.
Bicudo
Pedro Biasiolo, ou seo Pedrinho, era o primeiro professor de História da
maior parte dos calouros do ginásio. A maioria deve lembrar-se das chamadas
orais: o sujeito tinha que descrever (segundo o mestre, com suas próprias
palavras) o ponto ou o tema da aula anterior, quando o seu número era chamado.
Dois ou três infelizes eram contemplados a cada aula. O pavor fazia com que
vários decorassem vírgula por vírgula, ponto por ponto, cada frase da lição
impressa no livro do Borges Hermida, adotado na época. Porém, a impressão
causada pelo mestre era bem alterada quatro anos mais tarde, quando os mesmos
estudantes eram alunos do mesmo professor no curso colegial. Mais maduros e
vividos, tinham uma visão mais crítica de tudo. Ficou famosa uma aula em que
um aluno, um artista em termos de imitar as pessoas, ao ser chamado para falar
seu ponto, reproduziu fielmente a aula anterior nas palavras e incluiu, para
diversão de todos os que assistiram à cena, a maneira de andar e falar do
mestre. Heloísa P. B. Pimentel –
turma de 72-78
Alguém pode confirmar uma história que ouvi de um companheiro, que o
tal de Faustão, da TV Globo, estudou no Culto? Pela idade dele, que regula mais
ou menos comigo, deve ter estado lá entre 1960 a 1970. Dizem até que tocou na
fanfarra, não sei de que ano. Outro cara que não é famoso hoje, mas era muito
na época, era o Saponari. Convivi muito com ele, morava perto da casa dele. Um
dos alunos mais rebeldes e campeão de suspensões. Dizem que ele ficou mais de
dez anos no Culto, até ser jubilado. Repetiu todos os anos. Nunca mais soube
dele. Por último, eu tenho certeza de ter sido colega de classe da Regina
Duarte, mas no Instituto
de Educação Carlos Gomes, entre 1954 a 1958. Dizem que ela estudou no Culto
também. Grato para quem der dicas a respeito. (N.A.-
confirmados, os dois realmente estudaram mas a Regina por muito pouco tempo) .
Carlos Francisco Paula Neto
Me
lembro de uma passagem que ficou bastante marcada em minha memória, mas não me
recordo do nome do autor da proeza. Aula de Desenho com o professor Mário (boca
mole). De repente, a classe se assusta com um tremendo estrondo vindo de uma das
gavetas da mesa do professor. Era mais uma das muitas bombas-relógio (bombinhas
acopladas com cigarro aceso) que quebravam um pouco o silêncio durante as
aulas. O professor, muito irritado, deu à classe dois minutos para que o autor
se pronunciasse ou a classe inteira seria suspensa. Neste meio tempo, os colegas
do fundão pressionavam o autor, com palavras como: “Vai fulano, se entrega,
antes você do que toda a classe; seja homem agora; não vá prejudicar seus
colegas.”. Até que, finalmente, nosso personagem, tomando um fôlego extra,
levantou a mão e disse com a maior cara de pau: “Professor, apesar de saber
quem foi, não sou dedo-duro como muitos desta classe para contar-lhe, mas sou
corajoso o suficiente para ser suspenso sozinho no lugar da classe. O riso foi
geral, mas o professor acabou elogiando a atitude do sem- vergonha, mandou-o
sentar e ainda citou como exemplo sua atitude para o resto da classe. E
continuou com a sua aula. José Carlos
Camargo Antunes - turma de 69-75
Brasília, 20 de Novembro de 1998: Aos colegas do Culto à Ciência.
Lamentando não poder comparecer a esse memorável congraçamento dos ex-alunos
do Colégio Estadual Culto à Ciência, onde tive a honra de completar meu curso
colegial (Clássico) e que me possibilitou ingressar na universidade, sem
cursinho, aproveito a ida do nosso colega Serra, mais precisamente o general
Gilberto Serra a Campinas, para enviar-lhes esta mensagem de imorredouras
lembranças do nosso Culto à Ciência, dos colegas contemporâneos: Geraldo
Sampaio, Zaratini, Cid Marques, Abdala, Afonso Celso, Bruxinha e outros, além
dos professores Sampaio, Pimentel, Dulce, Mercedes, Moacir, Aníbal (diretor),
além do velho bedel seo Braga. Com efeito, esses bons tempos na minha cidade
natal de Campinas, infelizmente, “não voltam mais”. Que pena! Muitos sóis
são passados. Abraços, muitos abraços. Reinaldo
Silva Coelho --
turma do curso Clássico de 1959
Em 1976, a famosa caveira (ou esqueleto) da sala 16 foi substituída por
um modelo em plástico. Como não se tratasse mais dos restos de um ser humano,
aumentaram as brincadeiras com o que deveria ser material de amostra de aula.
Naquele ano, começou a circular pela cidade (e região) o boato de uma
história do fantasma de uma moça loura, que fazia aparições nos banheiros
das escolas, e que, tendo a boca cheia de algodão, pedia a quem a encontrasse
que tirasse este material da sua boca. Se esta história impressionava as
crianças, divertia os mais velhos e céticos e, apesar do Culto à Ciência ter
apenas alunos de 2º grau, algumas pessoas ainda ficavam ressabiadas em ir ao
banheiro sozinhas. Também naquela época, havia um comercial na televisão
sobre uma lâmina de barbear (platinum plus), feita por uma moça loura. Foi aí
que alguém -- ou alguns -- teve a idéia de por uma peruca de papel amarelo no
esqueleto, encher o maxilar de algodão (este osso era preso com uma mola
flexível, e sendo um modelo sintético, esta caveira tinha todos os dentes) e
colocar uma faixa (como de miss), com os dizeres: “Sou a loura do platinum
plus”. Heloísa P. B. Pimentel –
turma de 72-78
Isto foi dentro do ano de 1961. Descíamos a “longa” rua 13 de maio
vindo do Culto à Ciência, por volta de 12h30. Para variar, o bonde estava
repleto de alunos e mais alunos... Gente nos estribos, além, lógico, das
alunas que vinham confortavelmente sentadas e muitos pendurados no estribo
traseiro. Não sabemos até hoje quem teve a maravilhosa idéia: sacou uma
lâmina de barbear (a famosa Gillete), pois naquela época quase ninguém tinha
estilete (nem sei se existia) e começou a cortar todas as franjas dos toldos
das lojas, conforme o bonde descia. E era uma maravilha ver as ditas franjas
caindo uma a uma, até que, quando chegamos quase à esquina com a Avenida
Francisco Glicério, um guarda civil parou nosso veículo. Recolheu todas as
carteiras de estudantes dos alunos que estavam no estribo do lado direito. Não
precisa nem contar o fim da história. Diretoria para todos, que além da
suspensão imposta por “Popof”, ainda tivemos de pagar os toldos
danificados... José Roberto Xidieh Piantoni –- turma de 66
Lembranças a todos aqueles mestres que levaram a fundo e a sério a
profissão de educador. De vocês e do Culto à Ciência só me lembro do
positivo. Bom.. tem também a prova surpresa... a repetência ... a saudação
à bandeira às sete da matina... as guerras de ovos... o pastel do bar...
Abraços saudosos!
Walter Teixeira Morales Aloha, Oregon USA
Queridos amigos do Culto à Ciência: acabo de voltar a São Paulo, onde
moro há 25 anos, com todas as imagens desta inesquecível e grandiosa festa. É
realmente um privilégio pertencer a esta comunidade do Culto à Ciência e ter
participado de um evento tão querido e que, tenho certeza, mexeu com todos os
que lá estiveram. Duvido que outra escola tenha ousado oferecer um
acontecimento desta grandeza! Foi como um filme voltando há 26 anos, resgatando
emoções de uma época tão boa! Rever os professores, os amigos queridos deste
tempo... Do professor Pedro, de História; da professora Mariinha; do coral; da
professora Cleusa, do violão; dos professores Auzenda e Amaury Frattini (Ah!
Matemática passada e repassada a limpo.); professor Stucchi; professora Eclair;
professora Quinita... Foi tão gratificante revê-los! Reviver histórias, casos
e coisas com vocês, amigos queridos. Cecília (Você não mudou nada, a mesma
serelepe!); Jane (Tá do mesmo jeitinho); Cecconi (Bom mesmo te ver!); Farah;
Lupinacci; Ângela (igualzinha); Sônia Biasolo; Cheda; Morey; Fátima Veiga;
Helena; Verinha (Que bom você ter me achado e avisado!); Paulo Regina;
Chaguinha... Foi sensacional, maravilhoso, inesquecível. Só isto vale a pena
realmente em nossas vidas: amizade! Sônia
Emiko Ito
Primeiro, parabéns à organização. Vocês foram 10! Segundo, a idéia
do ano 2000 é boa! Terceiro, foi como um dia no paraíso, revendo quem gostei e
gosto pra caramba. Para todos vocês com quem mantive contato, um novo puta
beijo estalado! Um abraço do
Nando
Cavalcanti
Depois da festa soberba, sobraram poucas palavras para um ex- aluno do
Culto a Ciência. As que restaram, com certeza, devem ser dirigidas à equipe de
organização. Tojal, Carlinhos Pinto, e outros mais jovens, que eu não
conhecia e ajudaram na festa. O meu muito obrigado. Rever Silveira, Frutuoso,
Topan, Antônio Carlos, Lina Rosa, Acácio, Peter,
Malavazzi, professor Stucchi, Walter Sassaki, Sérvulo, Miquelino com uma
foto minha de 19... e tantos outros. Foi muito bom. O curioso é que a maioria
ainda mora em Campinas e a gente não se vê, nesta cidade gigantesca. Rogo que
esta página seja mantida para mantermos acesa esta chama eterna chamada Culto a
Ciência. Miguel Nucci (eu estive lá).
Parabéns à toda comissão que, como em 95, fez o impossível acontecer. Agora estava melhor ainda. Em 2000, vamos reunir outra vez. Afinal, somos uma grande família que muito se gosta. Como disse meu querido amigo José Antônio Coluccini Francisco, nós naõ precisamos ficar nos paparicando toda hora, para sermos amigos, mas basta alguém da turma precisar, mostramos nossa união na hora. Isso é o que conta e é isso que nos mantém cada vez mais unidos em torno de um nome que já é legendário “Culto à Ciência”. Paulo Bardauil Alcântara – turma de 70
Infelizmente, não compareci à festa, mas estou me deliciando com os
causos. Lembrei-me de um que me envolve, pagando o maior “mico”. Sobrinha do
professor Stucchi, irmã de Renato Stucchi..., saí uma negação em esportes.
Lembro-me de que estava no ginásio, talvez 6ª série (1973), e estávamos
disputando um campeonato interno de basquete. A Cristiana Lech e a Silvinha
faziam parte do meu time. Meu tio assistia ao jogo. Puts! Que responsa! De
repente, peguei a bola a saí enlouquecida com ela, driblei algumas adversárias
e só quando eu estava quase arremessando, escutei minhas companheiras
completamente desesperadas, me gritando a plenos pulmões que nós atacávamos
na cesta do outro lado... Encerrei minha carreira. Muitos beijos a todos e
saudades. Rosana S. B. Stucchi
Dona Amália tinha um livro de Ciências que, lá no fim, tinha noções
de
educação
sexual. Era a 3ª serie ginasial e um colega pergunta se aquela
matéria seria dada naquela ano. Ela enrola, enrola e, finalmente, responde:
“Está no programa, porém, vai depender de vocês e da maturidade da
classe.”. Continua a aula e ela vai ensinado o aparelho auditivo. Lá pelas
tantas, ela descreve o ouvido humano e cita a fosseta auricular. Pronto!
Terminou ali qualquer chance da turma ter educação sexual como matéria de
Ciências da saudosa dona Amália.
Paulo
Renato F.Franco
– turma de 67-70
Agradeço à comissão organizadora, ao Moacyr Castro, a todos os colegas
e alunos do Culto à Ciência pelo carinho que demonstraram e transmito as
lembranças de Fani, Neide, Lílian e Sônia Rubinsky, minhas filhas, que
mandaram mensagens de Israel e Nova York e, com muita tristeza, não puderam
comparecer. Foi algo mágico que aconteceu naquela festa.
Zilda Kaplan Rubinsky e
Ismael
Rubinsky
Dona Mercedes era uma graça. Desligada, que só ela. Tão desligada...
Um aluno (perdi o nome dele) me contou que chegou junto com ela à porta da sala
2. O jovem, todo gentil diante da dama e mestra, deixou que ela entrasse à sua
frente na classe. Ela agradeceu a delicadeza e disparou: “O senhor não pode
assistir à minha aula, porque nenhum aluno pode entrar em classe depois do
professor...”. Gancho: um dia. Nessa, o ranheta doutor Euclides Pinto da Rocha
exagerou na autoridade.
Moacyr Castro
— turma de 67.
Caros colegas, eu fiz aniversário no dia 21, mesmo dia da nossa festa de
125 anos. Acho que acabei recebendo um presente de vocês. Foi incrível,
emocionante, comovente, divertido, enfim... um espetáculo! Parabéns a todos, a
organização estava perfeita, nota 10 (do Culto a Ciência). Não tenho mais
palavras para descrever o evento. Se pudéssemos ter um desses todo ano, seria
maravilhoso. Quanta gente, velhos colegas, os professores queridos. A gente
quase não se continha ao abraçá-los e conversar um pouco. Os nossos mestres
que tive a honra de rever e cumprimentar foram dona Auzenda, seo Amaury,
Stucchi, Toninho, Pedrinho, dona Eclayr, dona Mariinha, dona Celina Duarte, seo
Basílio, Maria de Lourdes, Ancila e dona Zilda -- esta, após uma busca
incessante pelo ginásio. Por pouco não a vejo. Acho que vocês quase
arrebentaram nossos corações!
Carlos
Francisco de Paula Neto
A festa foi contagiante! Víamos emoção em cada olhar, em cada
reencontro. Procurávamos com avidez nossos colegas de turma. Encontramos a Bia,
a Ivete, o Tico e o Teco... E continuávamos procurando... No caminho, saudades
do Carlão, que nos obrigava a ler a Veja.
Arghh! Estou lendo a Veja até hoje!
Pena que alguns não compareceram. Talvez seja muito cedo para sentirmos
saudades. Daqui a vinte anos, tenho certeza, encontraremos a turma toda. Nos
encontraremos no futuro!
Ana Paula Delbue
O Culto à Ciência era tão bom, tão gostoso, que um dia, e a gente
estava terminando o Científico (3º colegial de hoje), o Bicalo (José Luís),
o Zink (Eduardo) e eu fomos à Secretaria para saber se a gente podia se
inscrever no 'Clássico', para poder continuar estudando lá... É claro que
não podia (risos). Edivaldo
Orsi,
ex-prefeito
Eu não vou dizer aqui o nome desses dois “cultoacientes”, porque
eles talvez eles não gostem. Um deles, aliás, eu tenho certeza de que não
gostaria, mesmo estando morando há anos fora do Brasil. O primeiro estava com
uma hepatite brava. E com hepatite, naquela época, as pessoas ficavam dois
meses em repouso. Lembram-se disso? O segundo, lá por setembro, já sabia que
ia levar pau. Não tinha mais jeito. E o medo do pai? Fazer o quê? Teve uma
idéia brilhante: pegar hepatite. Eu, muito amigo do primeiro, cheguei um dia em
sua casa exatamente no momento em que os dois estavam fazendo uma “transfusão
de sangue”: haviam cortado cada um a ponta do dedo indicador e estavam
esfregando um dedo no outro. O segundo levou mesmo pau e não sei o que o pai
dele fez. Só sei que não conseguiu pegar a hepatite.
Guilherme Nucci
Dona Mirtes dava aula chamando, de vez em quando, um aluno para ir à
lousa. E ela sempre dizia assim: “Vá à lousa, por ixemplo,
fulano de tal”. Ela sempre tinha um lápis na mão e, não sei se por tática
ou por jeito dela mesmo, quando ia escolher alguém, corria os olhos por todos
da sala. De repente, baixava a cabeça, dava uma batidinha com o lápis na
carteira de quem estava exatamente abaixo dela e dizia: “O senhor aqui.”. Em
resumo: depois de pouco tempo, tática descoberta, nosso medo não era que ela
olhasse para a gente na hora da escolha, mas que ela não passasse perto da
gente e, muito menos parasse por ali, porque era uma “lapada” na certa... Guilherme
Nucci
Onze anos de idade, de paletó e gravata (é por isso que a
gravata, tão abominada por tantos, a mim não faz a menor diferença), lendo
todos os clássicos das literaturas brasileira e portuguesa. Os portões eram
acorrentados depois de dado o sinal e só eram abertos na hora da saída. Certo
dia, inventei de ir embora antes da hora, não sei por quê. Não deve ter sido
por medo de alguma argüição ou prova pois, embora nunca tenha sido aluno
brilhante, não deixava de estar em dia com essas coisas. Acho que foi uma
daquelas vontades que até hoje temos de, de repente, fazer, como se diz em inglês,
um day off. Pois bem, como conseguir a
dispensa? Tiana, a querida Tiana que trabalhava em casa, sofria de cólicas
horríveis, chorava mesmo de dor e, para mim, nada podia ser pior que a cólica.
E já imaginou cólica numa criança?! Pois foi esse o meu argumento: eu estava
com cólicas. Fui falar com a orientadora educacional, Dª Celina Duarte
Martinho, e me lembro como se fosse hoje: quando lhe disse o motivo pelo qual
queria ir embora, ela se pôs a rir incessantemente, não aquela gargalhada
sonora, porque isso não se adequava à rigidez do colégio nem à sua postura
ali, mas aquela risada silenciosa, contida, que faz balançar o corpo.
Pois Dª Celina chamou a outra Celina, inspetora de alunos, pediu-lhe a minha
caderneta, assinou nela a dispensa e fui-me embora.
Pouco tempo depois, quando vim a saber o que eram as cólicas, ao mesmo
tempo em que me diverti com a coisa, fiquei intrigado: como, com aquela rigidez
toda, Dª Celina me havia dispensado? Mas a resposta me veio fácil: a minha
ingenuidade afagou-lhe o coração muito mais do que a minha mentira lhe agrediu
a razão. Um
beijo, Dª Celina! Guilherme
Nucci
O professor Lívio não conseguia dar aula sem ter nas mãos, o tempo
todo, o seu compasso de giz (sem o giz). Era um apoio, um cacoete, sei lá, mas
era isso. Ele falava batendo com o compasso na coxa, alcançava o sapato com o
compasso aberto, gesticulava com aquilo como um maestro com sua batuta e ele
abria o compasso com uma mão só, exatamente igual a um pescador quando faz
aquele movimento com a vara para arremessar a linha. Vupt! E o compasso se
abria. Aquele compasso era o seu amigo inseparável. Nossa sala, no 1º CtB, era
a primeira à direita, logo entrando no prédio principal. Tinha daquelas portas
duplas, que primeiro se fecha uma das abas, com aquele trinquinho em cima, que
se empurra e depois dobra pro lado. Aquela aba de trinquinhos ficava sempre
fechada, mas, um dia, seo Lívio chegou para a aula e ela estava aberta. Ele
não deu importância e fechou a outra parte da porta, sem travar a primeira.
Só que havia um ventinho que fazia aquela porta ficar balançando, até se
abrindo um pouco. Ele resolveu fechá-la. Vocês se lembram da altura da porta?
Pois é, como ele não alcançava o trinquinho para empurrar, viva!, o compasso
também serviria para aquilo. Abriu o compasso, encostou aquela ponta que tinha
o furo para se colocar o giz (uma ponta com quatro cortes laterais para a
adaptação do giz) e forçou o trinquinho. O trinquinho não saiu do lugar, mas
a ponta do compasso se abriu em quatro pedaços, exatamente como uma flor
desabrochada de quatro pétalas. Guilherme Nucci
Eu sou Fany Rubinsky, da turma de 68. Foi com muita
emoção
que li (e
reli) uma a uma as recordações dos ex-alunos do Culto a Ciência. Morando em
Israel há mais de 20 anos, numa realidade tão distinta, pude reviver aquela
época que tanto marcou a minha vida e reencontrar-me naquelas recordações. De
Jerusalém, mando um abraço saudoso aos meus ex-colegas e professores.
Fany Rubinsky Natanian
Saudações:
o Culto à Ciência sempre primou pela qualidade de ensino e pela ampla
formação de seus alunos, propiciando desenvolvimento eficaz da inteligência e
a maturação bio-psico-social. Muitos egressos são citados como expoentes em
algumas atividades, mas estas citações restringem-se aos meios políticos e de
comunicação, restando a um segundo plano a maioria desses egressos. Tal qual
uma epidemia incontrolável, a perspectiva da festa trouxe à baila as melhores
e mais variadas lembranças. O ser humano, a par de sua objetividade em
relação ao futuro, vive muito em função das lembranças, que marcaram, de
forma indelével, suas vidas. A título de sugestão, que tal se
aproveitássemos esta febre, e partíssemos para o novo tema “quem é quem nos
dias de hoje”, onde, aproveitando a própria Internet, poder-se-ia elencar ou
abrir para consulta, o rol de alunos por ano de conclusão, e, a partir daí, os
mesmos, passariam a comunicar o que são e o que fazem na atualidade. Quem sabe
se, no ensino, nos hospitais, na atividade pública etc., não estamos nos
relacionando com filhos de ex-colegas, ou netos, sei lá? Uma curiosidade como
causo: o Chico Sampaio (filho do mestre) soltou, em plena aula, o tampo da
carteira... Barulho infernal, e, como era de se prever, suspensão, aplicada
pelo professor Telêmaco. Constando na caderneta: “Suspenso por bater
carteira.”. O Vieira, da mesma turma, saltou o portão para retornar ao
colégio, após matar aula. O professor Telêmaco estampou na caderneta:
“Suspenso por passar por um portão fechado.”. Um grande abraço. Émerson
C. Lanaro
Parabeniza a Comissão Organizadora pela excelente
festa de confraternização. Me senti em casa durante as quase 11 horas
que participei do evento, nem me importando de ficar praticamente todo este
tempo em pé, conversando com os meus amigos, colegas, ex-professores, parentes
e muitos, muitos conhecidos. Praticamente de todos os setores da sociedade de
nossa cidade encontrei pessoas que eu nem imaginava que tinham estudado no
meu/nosso Cultão. Citando alguns exemplos: no meu trabalho, pelo menos sete
pessoas que eu não sabia que haviam estudado em turmas anteriores; o médico de
meus filhos; a síndica de meu condomínio; a esposa de um colega de trabalho; a
futura professora de minhas filhas; colegas do curso pré- vestibular e muitos
outros. Em especial, gostaria de citar os colegas de Turma 72-78 que encontrei:
Marcio Bueno, Emmanuel, Heloisa Pimentel, Osmar Grigol, Menotti, Isabela Abreu,
Ana Cristina, Aída Almeida, Zé Alípio, Renata, Manoel Henrique, Tosello,
Dante, Raquel Macul, Gil Guerra, Elizete Fuzzel, Paulo Caruzo e muitos mais.
Puxa vida! Desculpem-me pela lista, mas foi demais... Marco Antonio Duarte Novo
Porém já cinco sóis eram passados que da festa partíramos, cantando
feitos nunca dantes celebrados, alegremente relembrando casos que jamais foram
por nós olvidados. Quando u'a idéia que as trevas ilumina as ondas da Internet
reanima. Ó Potestade, disse, sublimada, Moacyr Castro e outros iluminados:
Vamos perpetuar em livro as alegrias e os casos e os risos e as lágrimas do
Culto, dos colegas e professores que seja estímulo à posteridade. Não
acabava, quando escritores e poetas, cronistas e contadores de histórias
começam a sonhar e começam a escrever. Zilda
Kaplan Rubinsky
Tecnicamente, sou da turma de 75, embora não tenha cursado os últimos
três anos por ter viajado para Israel. Os Rubinsky eram presença maciça no
colégio. Hoje, moro em Nova York; três irmãs - Fany, Neide e Lilian - morando
em Israel; minha mãe - Zilda Kaplan Rubinsky e irmão - Ismael Rubinsky morando
em Campinas. Samuel Rubinsky, meu pai, falecido em 94, sempre presente em nossos
pensamentos, e, tenho certeza, no pensamento das pessoas que o conheceram. Eu me
lembro de acompanhá-lo às aulas de Física que ele dava no noturno. Eu adorava
acompanhá-lo. Para uma menina de oito anos, o respeito e silêncio que meu pai
exigia nas aulas era um sinal máximo de competência e capacidade. Suas provas
eram conhecidamente muito difíceis! Mais do que tudo ele ensinava a pensar.
Minha mãe - Zilda Rubinsky - foi professora de Latim/Português durante vários
anos no Culto à Ciência. Coitadas das minhas irmãs Fany e Neide quando foram
suas alunas. Sofreram mais do que todo mundo... (Minha mãe tinha receio de ser
favoritista com relação a suas filhas). Lembro-me daquelas cadernetas
compridas que minha mãe tirava da bolsa, corrigindo provas e fazendo continhas
de cada sabatina ou chamada, para tentar melhorar a média de alunos... Ela era
temida, mas amada por seus alunos. Lembro-me dos trotes por telefone em casa,
das brigas com o Telêmaco, e da luta por manter o colégio autônomo.
Acompanhei de Nova York a festa do Colégio e morri de tristeza não ter podido
estar presente.
Sônia Rubinsky
Quero parabenizar a competente comissão
organizadora da festa do Culto à Ciência. Vocês
fizeram um excelente trabalho
e a festa foi um enorme sucesso. Foi emocionante encontrar colegas e professores
dos meus tempos de ginásio (1972-1975). A festa também serviu para que eu
ficasse sabendo que diversos colegas meus de Unicamp foram ex-alunos do Cultão.
Atualmente como professor da Unicamp, eu gostaria de me colocar à disposição
para ajudar o Culto à Ciência a melhorar as suas condições. Jansle
Vieira Rocha -- turma ginásio de 1972-1975
Um colega meu, que não era da minha turma, contou-me durante a festa um
caso interessante ocorrido com ele, e que agora envio, com sua licença.
Contou-me que, quando freqüentava aulas na sala 4, que, se não me engano,
tinha uma porta nos fundos, que dava para o pátio, estavam aguardando a chegada
da dona Ancilla. Com a demora da professora, o fulano resolveu sair de fininho,
pela porta dos fundos. E lá foi ele, andando agachado por entre as carteiras,
para atingir a tal porta. Nisto, entra dona Ancilla pela porta principal, e
consegue vê-lo saindo, agachado. Chama-o pelo nome, quase gritando, e diz:
“Aí, hein rapaz, tentando fugir de minha aula!”. Ao que ele, levantando-se
rapidamente, exibindo uma das mãos fechadas, exclama: Achei! Achei, professora,
a minha borracha que tinha sumido!
Carlos
Francisco de Paula Neto
Quantas recordações de repente voltando, como se vindas de vidas
passadas! Vivendo em Israel há quase 27 anos, não voltei a visitar o colégio,
apesar de há dois anos ter estado na festa da Fonte, onde revi varios amigos,
colegas e professores. Através das sempre lindas, as vezes engraçadíssimas, as
vezes dolorosas recordações aqui descritas, relembro-me, então, do Alberto
Krum; do campo de futebol; do pátio das meninas e dos meninos; da sala da dona
Maria Bonjour; seo Hilton e sua heráldica; da sala de Ciências, com sua
caveira e as experiências com os tubos de ensaio e a dissecação do sapos; seo
Pedrinho (gelo até hoje relembrando as chamadas); dona Lícia; Mrs. Fobe (a
quem devo todo o meu Inglês); dona Zilda, minha querida mãe (“Que ano
difícil aquele de ter a mãe como professora de Portugues); seo Amaury; doa
Auzenda; seo Samuel, meu falecido pai, professor do colégio no período
noturno; dona Mariinha; dona Gladys, exercitando o canto sem microfone, com sua
poderosa voz, nos corredores. Foram anos mágicos que este site me fez recordar
como um dos mais belos períodos de minha vida até aqui. Gente da minha turma:
Verinha, Clarice, Carola, Sada, Sarita, Cidinha, Fu (Fernando Urbano), Plínio,
Pascoal, Chiarini, Tilli. Onde estão vocês? E o falecido Genésio, tão
querido. Um grande beijo a todos e um especial para a senhora, mãe. Neide
Rubinsky -- turma de 63-69
Era aula de Tojal. Campeonato correndo: 2ª D X 2ª B. Ano de copa, da
copa de 70. Eu não era bom na linha, porém defendia bravamente o gol de minha
2ª B. Jogo disputado, violento. Do outro lado, o Alemão já havia feito dois
gols em mim, sendo que em ambos as redes foram furadas pelas pancadas. Reagimos.
Wanderlã (meio time) empatou o jogo e eu passei a fazer algumas defesas muito
estranhas (garantindo o resultado e quase luxando meu braço). O incrível
aconteceu quase em série: Alemão dividiu uma bola e caiu feio; braço
quebrado. Correria e o professor Bento correu para socorrer. Reiniciado o jogo,
cinco minutos após, é Wanderlã que cai: nova fratura. Mossa corre feito doido
e socorre. Reiniciado o jogo. Dez de cada lado. Mais cinco minutos, outra
disputa feia e novo braço quebrado. Não consigo me lembrar quem foi a vítima,
mas sei que Tojal interrompeu o jogo. Nenhum do dois times chegou às finais.
Importante partida para mim, porque depois dela, criei coragem e joguei em
alguns times amadores e nas seleções de minhas faculdades. Fatos como este
trazem os companheiros queridos bem próximos, desde os incríveis desportistas
aos geniais intelectos. Fernandinho Vicente, Arual, Pinus, Ary, Dudi, Afrânio
Tomatinho, Baiano, Palminha, Yale (o irmão de sangue), Téio Marquezini,
Labiga, Barbin, Claudinho Borges. São os flashs que me surgem agora. Agradeço
a todos os mestres, mas principalmente a alguns especiais que conseguiram
desenvolver em cada um de nós o espírito crítico, valores morais e humanos
que nos acompanharão sempre, tais como Ernestinho, Chico Biojonne, Tojal,
Mário, Fratini e, por que não, o Popof. Talvez os fatos relatados não
ocorreram bem assim, mas o que importa é que em nossas mentes de homens-meninos
sempre ficarão a lembrança e a emoção de ter participado desta grande
história que é nosso amado Culto à Ciência. Fábio
Rafael Lucci DeAngelo – turma 69-72
Entrei no Culto à Ciência em 1964, tendo feito o ginásio e permanecido
até 1967, quando fuii para o Colégio Naval (Marinha do Brasil). Prestei o
concurso de admissão no final de 1963 e cursei na 1ª. A (1964), 2ª. A (1965),
3ª. A (1966) e 4ª. B (1967). Lembro-me bem dos professores Calazans
(Ciências), Stucchi (Educação Física), esqueci os nomes mas os rostos dos
professores de História, Geografia (Helena? Era uma morena bonita...), Canto
Orfeônico, Desenho, Matemática (fomos a primeira turma da Matemática
moderna), Inglês, Francês e Português. A base adquirida até hoje me
surpreende. Como o ensino era bom naquele tempo! Mas as melhores lembranças
são dos colegas, reconheci o Ramasco e o Mangabeira na lista de nomes, fomos da
mesma sala, acho que no primeiro ano. Havia muitos outros, as meninas que nos
deixavam apavorados e nervosos (coisas da idade...) tais como a Maria Cecília
Figueiredo, a Regina Ubinha, a Sumie, a Lígia, a Carolina Lattes (filha do
César Lattes, cientista, cursou a 4ª. B em 67). Dos garotos, lembro-me bem do
nunca ultrapassado nas notas, o Bedin, que terminou o ginásio com uma média
assombrosa; Luis Carlos Figueiredo, muito estudioso e com uma caligrafia que
tentei imitar mas nunca consegui; Renato Soares, pianista de mão cheia; os
gêmeos iguaizinhos no primeiro ano; enfim, eram tantos e os anos são
implacáveis. Vou dar uma busca aqui em casa, pois ainda tenho as cadernetas dos
dois últimos anos com várias assinaturas, ainda vou me lembrar dos nomes. Hoje
resido no Rio de Janeiro, sou casado e tenho duas filhas. Ao sair do Culto à
Ciência, entrei para a Marinha (Colégio Naval) onde fiz o curso para Oficial,
fiz carreira e me tornei Aviador Naval, pilotando helicópteros. Hoje estou na
reserva como Capitão de Mar e Guerra e trabalho com helicópteros na Amazônia,
num lugar chamado Porto Urucu, mais ou menos 170 km a sudoeste de Tefé (AM). Um
grande abraço para todos! Marcos Bonin Villela
Olá pessoal, pela terceira vez estou aqui, agora, para falar a vocês um
fato que vemos aqui no Canadá e que é muito comum na América do Norte. Esse
fato tem a ver com voluntariado. Na nossa cultura isso é muito pouco difundido,
mas aqui não existiriam as facilidades que aqui existem, não fosse o trabalho
voluntário. Nós, os brasileiros, pela facilidade que tínhamos de mão-de-obra
barata e outros fatores, nunca desenvolvemos esse lado que aqui é tão
fundamental. Minha esposa tem freqüentado a reunião dos pais na escola em que
nossa filhas estudam, e ficou abismada pelo compromisso que muitos têm para com
a escola de seus filhos. São usados voluntários nas festas, nas campanhas para
levantarem dinheiro (que não é pouco), e em tudo que a escola faz, até
caronas para levar as crianças em algum lugar, há voluntários. Então é uma
coisa para refletirmos. Meu objetivo não é que copiemos os modelos
norte-americanos, mas que usemos sua experiência em fazer as coisas
acontecerem. Se não colocarmos as mangas de fora e nos voluntariarmos, não vai
acontecer nada no Culto a Ciência, em Campinas, em São Paulo nem no Brasil. Um
abraço.
Paulo Cesar Meningroni.
Numa prova de Francês, em 1967, a professora Marie Bonjour pediu o
feminino de várias palavras, entre elas a palavra coq. Uma das meninas da
primeira fila colocou “coquette” e o resto do pessoal que se sentava atrás
tascou a mesma resposta... Resultado: zero na questão e uma boa gargalhada da inesquecível
Marie Bonjour... Marcos B. Villela
– turma de 64-67
Refletindo um pouco nestas visitas cibernéticas, faço-me quase sempre
uma pergunta: o que aconteceu naquela escola, durante todos aqueles anos, capaz
de provocar tamanha mobilização, esforço de pessoas normalmente ocupadas, e
que mexeu com mais de duas mil pessoas, convergindo-as para aquele evento
impressionante, como se tivessem sido atraídas magneticamente ou por outro meio
não físico? O que explica aquela reunião, cujo único ponto em comum entre as
pessoas que lá estavam era
simplesmente
terem freqüentado a mesma escola, e
em épocas por vezes diferentes? Algo de diferente, muito acima de meras
divagações, pôde causar tamanha movimentação. Minha esposa, que não foi
aluna do Culto, mas freqüentou várias escolas em Campinas, foi comigo à
festa. Dias depois, ela ainda se preocupava: o que havia nesta escola, o que
acontecia, para poder ter causado este fato? Avaliando-se bem, eu ainda não
ouvi nem presenciei nenhum caso semelhante. Comentando o fato com colegas de
trabalho em São Paulo, que freqüentaram várias escolas, sempre havia uma
reação interessante, pessoas que achavam estranho como isso podia ocorrer. O
que tem ou teve de mais em se estudar numa escola? Eu acho que não se tratava
de uma escola. Era um templo, um oráculo. Houve, talvez por coincidência, uma
conjunção de pessoas especiais, professores, alunos e funcionários. Estranho
é que isto levou muito tempo. Diria que desde 1873, na fundação, até meados
dos anos 70. Isto quer dizer 100 anos. É muito tempo para uma mera
coincidência. Porém, nem um local como aquele sobreviveria à catástrofe do
ensino público nesta terra. Este pessoal que ainda hoje se dedica com afinco à
atividade de preservar sua velha escola, são como missionários, na saga
incansável de preservar sua crença, sua religião, sua igreja. Nós, que
contemplamos este trabalho de fora, sentindo-nos culpados por não estar
ajudando, temos que alimentá-los com a nossa participação nos eventos e
irradiando também a nossa vontade de imortalizar aquilo que modificou tão
marcantemente a vida de tantas pessoas.
Carlos
Francisco de Paula Neto
Turismo
no Culto -- Na
década de 70, Senac e Culto
á Ciência firmaram um acordo para formarem um curso de Técnicos em Turismo,
pelo sistema de intercomplementaridade (parceria).
O Culto ministraria matérias
básicas da grade curricular e o Senac, as técnicas.
As aulas seriam duas vezes por semana no Culto e
três no Senac. Turminhas boas, as de Turismo. Não se conformavam
com as aulas tradicionais, expositivas. Discussões, aulas práticas,
pesquisas eram sopa no mel. Havia colaboradores para as atividades, como o pai
da Neti, que tinha empresa de ônibus, e fazia o transporte para a Singer.
Quando comprava um ônibus novo,
zerinho, lá vinha o “paitrocínio”: a primeira viagem era sempre com os
alunos do Turismo. O motorista era o gordinho Abacate, que acabou sendo nomeado
“aluno honorário”. E lá ia a turma: ônibus novo para São Paulo,
Circuito das Águas, Parque Nacional do Itatiaia
- uma semana de estudos -, com
direito às aulas de Geografia Turística, Técnica de Roteiros e Excursões,
Biogeografia, História...
Tudo no local, ao vivo e em cores! O acantonamento na casa grande do Parque era
experiência nova para muitos, que nunca haviam saído da barra da saia das
mães. O Cláudio Menegazzo (o ‘Mister M’ da turma, filho do mágico
Menegazzo, que animava as festinhas de pequerruchos) fazia o orçamento esticar,
aumentar, aparecer,
Marcamos, certa ocasião, uma reunião para fazer
um trabalho de equipe na casa do Ginefra, que morava num apartamento no Largo do
Pará. Enquanto aguardávamos a chegada dos outros colegas sentados num banco da
praça, passou uma menina muito bonita. O Ginefra mexeu. Ela, elegante, passou,
nem nos olhou. Quando subimos, o choque: ela era amiga da irmã do Ginefra e
estava na casa dele. Sabe onde nós enfiamos nossa cara? Não me lembro até
hoje.
Antônio Celso (Arruda), o aluno mais engenhoso da escola, sentava-se a duas
carteiras do Carlos Alberto Melges, filho do nosso lendário diretor, o doutor
Telêmaco. Um dia, a aula de Português era com uma professora novata que, se
bem me lembro, precisou mudar-se logo de Campinas. Em plena aula, para surpresa
da classe, o Antônio Celso perdeu a paciência, levantou-se e estrilou:
“Professora! Não agüento mais; esse menino não pára de atirar bolas de
papel em mim, pô! É todo dia isso!”. O desfecho foi patético:
– Como você se chama? perguntou a mestra, ao atirador.
– Carlos Alberto Melges.
– Dona! Ele é filho do diretor!, alguém alertou.
– Ô, Antônio Celso, umas bolinhas de vez em quando não fazem mal...
Moacyr Castro
11/2002
Aqui quem escreve é o Sanchão, para relembrar o dia em que a Miriam Hoff, para fugir da aula de física do prof. Moacyr, pulou a janela e quebrou a perna. Tudo porque já haviam dado o terceiro sinal (aquele que avisava que se o professor não estivesse na sala significava que havia faltado). Como para chegar na sala de Física o Moacyr tinha que atravessar todo o pátio das meninas, atrasou um pouquinho e foi o suficiente para a Miriam, que não sabia a matéria para a chamada oral e já havia gasto suas três dispensas do mês, correr para a janela e pular. Só que ela se esqueceu de um detalhe: a altura da janela ao chão era respeitável e aí....não sabíamos se ríamos ou se acudíamos a coitada... José Carlos Valente Sanches - 1962 a 1966
Hoje é 28 de janeiro de 2003. Aqui quem escreve é o Sanchão, novamente. Desta vez não para contar "causos", mas para relembrar o que significou o Culto à Ciência para todos nós, e digo todos nós com muita convicção, pois embora os anos passem, as pessoas continuam muito vivas em nossa lembrança. Hoje telefonei para Leonor Rezende Maria Katayama e lembramos muitas coisas da nossa querida escola e de todos que conviveram conosco. Cada vez que entro no site criado pelo De Paula, fico encantado e não canso de rever as fotos, os nomes dos colegas, dos nossos queridos mestres, os causos, enfim tudo o que significou para nós aqueles anos lá vividos. Ah, se pudéssemos voltar a viver tudo de novo...Seria uma dádiva de Deus e ELE não poderia imaginar o que se passaria em nosso coração. As amizades que surgiram naquela época, muitas delas com raízes tão profundas, não podem ser descritas numa simples mensagem como esta. São inúmeros os colegas com quem ainda mantemos contácto frequentemente e com quem matamos as saudades. Muitos deles embora já tenham partido para se juntar à Deus, continuam sempre vivos em nossa lembrança e os que ainda temos o privilégio de ter junto de nós, mesmo que distantes pelos kilometros, estão sempre perto pelo telefone e às vêzes, com a graça de Deus, pessoalmente. Velho Culto à Ciência, que nos preparava tão bem para entrar na faculdade, que no ano de 66, toda a nossa panelinha entrou direto em medicina e engenharia. Será que alguma outra escola conseguia esta proeza? Acho difícil. Meus amigos, se eu fôsse ficar aqui falando das saudades que sinto de tudo e de todos, o De Paula iria me dar as contas, porque não haveria espaço suficiente so site. Um grande abraço a todos e que Deus vos abençoe. Do sempre amigo Sanchão. José Carlos Valente Sanches - 1966
O professor Anibal de Freitas era, na época, o todo poderoso diretor do Colégio, com seu longo cavanhaque, muito bem cuidado. Um dia êle foi visitar o meu pai (eram muito amigos) e, meu pai vendo o seu estado físico, revelando cansaço, perguntou como estava de saúde. A resposta me surpreendeu. Revelou o professor Anibal que fazia alguns dias que não conseguia dormir. Isso, em razão de um telefonema curto de um aluno. Êsse aluno, não sei quem foi, telefonou ao professor com uma pergunta simples:- "Ao deitar-se, onde êle colocava o cavanhaque, por cima ou por baixo do lençol". Disse êle que, depois do telefonema, qualquer posição em que pusesse o cavanhaque o deixava desconfortável, impedindo-o de ter um sono tranquilo. José Joaquim Badan, 1955
Hoje, vendo uma foto, relembrei um fato muito pitoresco ocorrido com um dos alunos que aparece na foto da 2ª Série C, de 1964. Trata-se do Volney Godoy Ferreira. Essa ele vai lembrar. Morávamos relativamente perto, no Guanabara, e de vez em quando ele me dava carona na sua incrível Romi Isetta. Era um espetáculo à parte, pois realmente o carrinho era muito extravagante. Um belo dia, quando saíamos da aula, não encontramos o carro. Pânico total ! Uma boa turma de colegas, em frente ao Colégio, ria às pampas. O carro não havia sido roubado, mas sim "carregado" literalmente por no máximo uns tres colegas nossos, até a entrada do Ginásio de Esportes e depositado suavemente na calçada. O Volney, que normalmente já ficava corado por qualquer coisa, ficou roxo pela gozação. Miguel Nucci, turma de 1966
O
Ao
Fomos
sorteados
Ficamos
enrolando
E
Estou
fazendo
A
Enfim,
ficou pronto!!! E bárbaro!!! Seria a encenação ( comédia!!) de uma aula de
Literatura Portuguesa, o assunto seria “Os Lusíadas – canto III , com o
professor fazendo perguntas para a
turma.
Chegou
o dia da apresentação, foi na sala
de Física, do prof. Moacyr. Havia uma porta entre a sala e o laboratório de
Biologia/Ciências, vocês se lembram?
Pois
nós colocamos um rastilho (pra falar
a verdade, com medo de ficar “mixuruco”, fizemos um “rastilhão” de pólvora
sob essa porta).
Tipo:
- Fulana
(eu) , faça um breve resumo do Canto III. – Fulano, o que Camões
quis dizer com isso? - E com aquilo? - Qual é o sujeito da frase tal? - Que
figura de linguagem foi usada em tal verso?
E,
em meio às perguntas e respostas, a comédia ia rolando ...
Acontecia
de tudo nessa aula. Tinha aluna sabe-tudo ( acho que era a Carola) que
acerta a 1ª e não pára mais de levantar a mão, desesperada para
responder. Tinha aluno(a) burro(a),
aluno que disfarça muito, olha para o chão, vai apontar lápis, para não
ser chamado. Uma aluna que, em certo momento, foge pulando um daqueles janelões
(para imitar um fato verídico acontecido ali, naquela sala, protagonizado
pela Mirian Schifferli Hoff, da turma de 66, creio... ), e começa a gritar :
- Quebrei a perna !!! Tinha uma duplinha
que não pára de conversar, aluno lendo gibi pornográfico aberto dentro do
livro; alguém pede para ir ao banheiro...
Bem,
voltando um pouco... Tivemos um problema no início dos trabalhos
porque, é lógico, tinha que ter
o Camões e
ninguém queria ser o Camões, já que ele teria que se
apresentar vestido a caráter ( o “a caráter” possível para nós
seria uma meia branca de ballet !!!!, com
as pernas aparecendo inteiras,
sapatilha com bico comprido, uma camisa curta , aquele negócio cheio de
babados no pescoço e um tapa-olhos, tudo emprestado da Cia de Teatro do
Amadeu Tilli,,,) Porque será que ninguém queria, não é?!
Não
sei como o problema foi contornado, se foi com muita insistência, se foi
sorteio. Só sei que o Armbrust, a contragosto, assumiu o papel. E fez um Camões
magistral!!
Num
determinado momento da aula, que estava realmente muito engraçada,
a aluna burra responde uma das perguntas com uma besteira inaceitável!
Nessa
hora eu tinha que falar: - Ai, meu
Deus! Camões deve estar dando voltas na tumba ao ouvir isso!!!!
Eu
consegui falar direitinho, mas tive que rezar muito, porque ,nessas situações,
geralmente eu tinha ataques de riso convulsivos ,que duravam horas.
Assim
que eu terminei a frase, alguém foi lá, pôs fogo na pólvora, a porta se
abriu ( com um pontapé!!! ) e o “ Camões” apareceu , no meio da fumaça,
com aquela roupa ridícula, e disse: -
Acordei do meu sono secular ....
Só
que a fumaça foi tanta, mas
tanta, que todo mundo começou a lacrimejar e rir, e chorar , tudo ao mesmo
tempo, inclusive o Prof. Sabino. Abrimos porta e janelas, abanamos, mas não
houve jeito, tivemos que abandonar a sala e ir para o pátio. A peça ficou
sem terminar...
Enfim,
para abreviar esse “causo” tão longo...Fizemos uma reapresentação, com
toda a pompa, com convidados
especiais : Dr. Telêmaco, Da. Celina Duarte, profa. Zilda Kaplan, não tenho
certeza se profa. Quinita, alguns funcionários ( o Dr. Telêmaco selecionou.)
Nota dez para o grupo e assunto para uma semana, no mínimo!!!!
Ah!
Detalhe importante. Dessa vez foi um rastilho bem fininho...
Isso foi em 1973, minha sala de aula era a de número 12, andar de cima, quase em frente à escada e ao lado da diretoria. Um certo dia, vimos o armário das inspetoras aberto e deixando expostos a almofada de tinta e o carimbo de COMPARECEU; a tentação foi grande e junto com a turma conhecida como “ Os Metralhas “ (formada pelos gemeos Fábio e Flávio Ferrari, Miguel Mansur, Pedro Pinheiro, Carlos A B Chagas, Mauro Beutramelli e outros) pegamos e passamos a enforcar aulas; era uma festa..... chegávamos no colégio, carimbávamos a caderneta de todos e íamos pra rua pulando o muro do ginásio. Isso se deu por mais de uma semana, apenas não reparamos que o colégio, quando deu pela ausência do carimbo, mudou-o de COMPARECEU para PRESENTE... No primeiro dia que resolvemos voltar às aulas, os inspetores Milton e Ruth pararam na sala de aula e começaram a nos chamar pelo nome; com cara de coitados, fomos saindo e levados a diretoria para conversar com o Dr Telemaco; nem é preciso dizer que o resultado... O mais engraçado foi um desses amigos já sair da sala de aula com o carimbo e a almofada na mão, não dando nem chance de negar... Herman Sauer Joviliano, turma de 1974
Acho que foi em Junho de 69.
Um frio lascado. Antes de começar as aulas daquela noite tive uma idéia. Fazer uma vaquinha e comprar uma garrafa de pinga, alguns limões e fazer uma caipirinha para todos se aquecerem na hora da saída, contra o frio, é lógico.
Arrecadei o dinheiro, pulei o muro, e fui até o bar da esquina comprar a pinga e o limão.
Lá no bar mesmo, dentro do litro foi preparada a caipirinha. Pulei de volta o muro com o litro em debaixo do paletó (naquele tempo, os alunos da noite tinham que usar paleto). Guardei a garrafa em baixo da minha carteira. O problema é que no intervalo, alguns mais afoitos, ou com mais frio foram na minha carteira e distribuiram para todos, no gargalo mesmo.
Quando voltamos para a classe, todos estavam muito alegres. Mas como sempre, na classe existiam alguns alunos que ficavam abismados com algumas atitudes dos outros, e provavelmente nos entregaram.
Quando reiniciou a aula logo após o intervalo, era uma prova de Geografia. Batem na porta. Quando ela é aberta, Sr. Colombo e outro bedel comunicam à professora que alguns alunos precisam acompanha-los até a Diretoria (Dr. Telemaco). Eu na hora, nem começei a prova. Coloquei minha caneta na carteira e fiquei esperando meu nome ser chamado. Fomos em cinco para a Diretoria. Chegando lá o Dr. Telemaco (vermelho como um pimentão) foi perguntando o nome de cada um dos santinhos. Eu fui o segundo a ser perguntado. Ele pegou um fichario do lado da mesa e conforme sabia o nome de cada um, tirava uma ficha. No meu caso ele disse: O senhor fica de lado, que hoje liquido com o senhor. Deu tres dias de suspensão para cada um, e mandou sairem da sala, e fecharem a porta. Primeiro disse que eu seria suspenso por 15 dias, por ter saido da escola sem autorização, ter trazido objeto estranho à aula,.....e mais um monte de alegações. Depois perguntou o que eu fazia. Começei a explicar a ele que trabalhava de dia para ajudar maus pais a criarem meus outros 7 irmãos menores, que meu pai dependia de minha ajuda para sobreviver, que meu pai trabalhava duro todos os dias num banco, etc. Acho que acabei comovendo o homem, que até ficou um pouco menos vermelho. Então ele virou para mim e falou: Vamos fazer um trato? Eu lhe dou somente 3 dias de suspensão, mas o senhor irá prometer que nem em frente do corredor o senhor não mais passará até o final do ano. Se passar em frente da Diretoria o senhor será expulso na hora. Aceitei de imediato o acordo. Na segunda feira seguinte tinha um jogo de futebol de salão no Alberto Krun. A classe inteira largou a aula e foi assistir o jogo. No meio do jogo apareceu um dos bedéis. Não tive jeito. Nem voltei para a classe e nem mais ao Culto a Ciência, pois ele iria cumprir o que tinha falado. Seria expulso na hora. Foi até divertido, mas lamentei muito ter saído de lá. Sempre mantive o emblema daquele colégio preso ao braço, e tinha o maior orgulho de falar que lá estudava, e até hoje, como qualquer aluno que lá estudou deve se orgulhar.
Alcino
Pascoal Reis - Período Noturno, 1969
Para
não dizer que não me lembro de nenhuma situação curiosa que tenha
acontecido, vou contar uma. Eu havia acabado de me mudar de Pedreira onde concluíra
o curso ginasial e pouco conhecia de
Quem teve o privilégio de estudar no Culto à
Ciência, tem sem dúvida na memória recordações maravilhosas e um sem número
de causos para contar aos amigos, filhos e netos. Dos
inúmeros, que vivi, um dos mais interessantes remonta ao tempo em que fazia o
3. º colegial, noturno, no ano de 1976, o que por si só já era um
“happening”, afinal era o ano do cursinho e último no colégio. A turma do
diurno ia na sua grande maioria para o período noturno para poder fazer o
cursinho no Objetivo na parte da manhã. O encontro entre as duas turmas não
era das mais amistosas, pois os do diurno eram considerados os filhinhos de
papai “burgueses” e os da noite eram os trabalhadores. Essa situação durou
pouco tempo, logo, com raras exceções todos estavam inseridos no clima da
bagunça, das brincadeiras e do clima amistoso que reinou por todo o resto do
ano. Como
nessa época as festas às sextas-feiras fervilhavam pela cidade, precisávamos
achar uma maneira de comparecer as mesmas sem ficar com falta. Alguém teve a
brilhante idéia de desligar a chave geral da energia elétrica numa
sexta-feira, para que as aulas fossem suspensas. Idéia aceita, deu-se início a
elaboração do plano e constatamos:
1.
º como abrir os enormes cadeados, que fechavam as portas dos relógios?
2.
º existiam mais ou menos 10 quadros de distribuição, qual seria o geral?
3. º como executar a empreitada?
Para
solucionar a 1. ª indagação, após várias e demoradas reuniões informais
entre os “cabeças”, concluíram que por tratar-se de cadeados muito
antigos, seria fácil abri-los com um pedaço de arame ou um grampo de cabelo.
Assim, sorrateiramente, durante os intervalos das aulas e por vários dias
tentou-se, até que o intento foi conseguido, passando-se a execução da
segunda parte do plano, que consistia em descobrir o relógio certo, aquele que
continha a chave geral. Cada dia abria-se um cadeado e desligava-se o relógio
até que descobrimos o que nos interessava. Feito isso, passamos a cronometrar o
tempo que o bedel levava até buscar a lanterna, as chaves dos cadeados que
ficavam na diretoria e religar o relógio. Bastava
agora ultimar os detalhes, tais como o dia e fazer uma “vaquinha” para
adquirir um cadeado de boa qualidade, tipo Papaiz. Nos
dias que se seguiram os pontos pendentes foram sanados, o cadeado foi adquirido
e a data foi escolhida. A operação toda só era de conhecimento dos cabeças,
haja vista que nem todos da sala eram confiáveis, pois a corrente dos
“CDFS” queriam nos ver pelas costas. Finalmente,
chegou o grande dia, tudo acertado, nós evidentemente com a roupa típica de
festa daquela época, calça New Man ou Staroup ou Gledson, sapato da TOP’S,
etc... Na
hora do intervalo, ás 21 horas em ponto, o alemão que não era o Hoffmann e
sim um rapaz que vinha de Indaituba, que trabalhava na roça, mas que se
enturmou perfeitamente conosco e como ninguém entendeu o espírito da coisa,
mas que infelizmente não me lembro agora do nome, foi com o reluzente Papaiz até
o relógio de luz, sob olhar apreensivo de toda a cúpula, sacou o cadeado
velho, abriu a porta de flandres, desativou a antiga chave faca fechando
rapidamente a porta e lacrando-a com o cadeado novo. Após
exatos cinco minutos e sob a vaia de todos que estavam no pátio surge o seo
Colombo com um enorme molho de chaves numa mão e uma lanterna na outra e
caminhando rapidamente se dirige aos padrões de energia elétrica. Tentou a
primeira chave, tentou a segunda, depois outra e mais outra até que percebeu
que o cadeado havia sido trocado; desiste e retorna à administração. Passados
mais alguns minutos, seo Colombo reaparece com um antigo megafone e anuncia em
tom melancólico que as aulas estavam suspensas naquela sexta-feira. Resultado
final de meses de planejamento: fomos todos para a balada, como se diz hoje em
dia.
Corria a década de 60 e estávamos cursando , se não estou enganado, o 1o. colegial. Nossa professora de português era a Quinita, que na ocasião precisou se ausentar. Passaram-se alguns dias e chegou a notícia que estávamos de professora nova. No dia da primeira aula da referida mestra ( que depois conheceríamos : Dona Mafalda) fomos surpreendidos quando , ao invés da professora adentrar na sala, eis que não outro : Popof chega, dando um bom dia geral e solicita que Dona Mafalda aguarde um pouco antes de entrar na sala. E dêle ouvimos essa pérola: - Bom dia prezados alunos. Estou aqui a fim de apresentar-lhes a nova de professora de português. Só que tem um probleminha... E daí tornou-se muito sério e continuou com a voz um tom abaixo: - Ela é... preta..... Como vocês sabem esse é um preconceito que nós não devemos ter.... Espero que vocês a recebam muito bem.... E , como entrou, saiu com mesma barriga empinada. Não precisa dizer que o pasmo foi geral e todo mundo ficou segurando a risada a aula toda. Abraços a todos. João Ambrust Neto, 1969
© Carlos Francisco Paula Neto - última atualização em
21/09/2018
e-mail :
carlospaula@cultoaciencia.net