Refletindo um pouco nestas visitas cibernéticas, faço-me quase sempre
uma pergunta: o que aconteceu naquela escola, durante todos aqueles anos, capaz
de provocar tamanha mobilização, esforço de pessoas normalmente ocupadas, e
que mexeu com mais de duas mil pessoas, convergindo-as para aquele evento
impressionante, como se tivessem sido atraídas magneticamente ou por outro meio
não físico? O que explica aquela reunião, cujo único ponto em comum entre as
pessoas que lá estavam era
simplesmente
terem freqüentado a mesma escola, e
em épocas por vezes diferentes? Algo de diferente, muito acima de meras
divagações, pôde causar tamanha movimentação. Minha esposa, que não foi
aluna do Culto, mas freqüentou várias escolas em Campinas, foi comigo à
festa. Dias depois, ela ainda se preocupava: o que havia nesta escola, o que
acontecia, para poder ter causado este fato? Avaliando-se bem, eu ainda não
ouvi nem presenciei nenhum caso semelhante. Comentando o fato com colegas de
trabalho em São Paulo, que freqüentaram várias escolas, sempre havia uma
reação interessante, pessoas que achavam estranho como isso podia ocorrer. O
que tem ou teve de mais em se estudar numa escola? Eu acho que não se tratava
de uma escola. Era um templo, um oráculo. Houve, talvez por coincidência, uma
conjunção de pessoas especiais, professores, alunos e funcionários. Estranho
é que isto levou muito tempo. Diria que desde 1873, na fundação, até meados
dos anos 70. Isto quer dizer 100 anos. É muito tempo para uma mera
coincidência. Porém, nem um local como aquele sobreviveria à catástrofe do
ensino público nesta terra. Este pessoal que ainda hoje se dedica com afinco à
atividade de preservar sua velha escola, são como missionários, na saga
incansável de preservar sua crença, sua religião, sua igreja. Nós, que
contemplamos este trabalho de fora, sentindo-nos culpados por não estar
ajudando, temos que alimentá-los com a nossa participação nos eventos e
irradiando também a nossa vontade de imortalizar aquilo que modificou tão
marcantemente a vida de tantas pessoas.
Carlos
Francisco de Paula Neto