Um de nossos colegas citou uma pessoa da mais alta importância, que, embora fora do nosso Culto à Ciência, contribuiu indiretamente para que grande parte de nós adentrasse os famosos portões da escola: a saudosa dona Dulce Bento do Nascimento. Nos idos de 1958, eu iria para o quarto ano primário no Instituto de Educação Carlos Gomes. Meu avô, o professor doutor Carlos Francisco de Paula, que tinha sido um dos grandes mestres do Culto, decidiu que eu não perdesse mais tempo. Matriculou-me no afamado curso de admissão da Dulce Bento. Aquele ano foi terrível, um bombardeio de matérias para mim: cedo, na Dulce Bento, à tarde com meu avô pegando duro... Dona Dulce dava aulas na garagem de sua casa, perto do Tênis Clube, na Coronel Quirino. Bancos toscos de madeira, cerca de 30 lugares, sem janelas, mal iluminada, a lousa era lateralmente posicionada, má ventilação, um calor insuportável. Para os padrões e conceitos de hoje, eu entraria com uma ação exigindo indenização por insalubridade. Mais: a famigerada e longa vara, que alcançava sem piedade até o último aluno que fosse, caso ela pegasse papeando. Desta vara, acho, ninguém escapou! Vocês conseguem imaginar, hoje, nossos filhos com 11 ou 12 anos, enfrentando uma barra dessas? Mas o importante mesmo era que praticamente todos tinham uma certeza: entrar no Culto à Ciência. E sem nenhuma dificuldade. Por isso, acho que dona Dulce merece também uma homenagem, pela contribuição que deu à nossa formação. Apesar da vara. Carlos Francisco de Paula Neto