Num certo dia quente do verão de 63, turma da manhã, 3ª série B, chega enfim, a hora da saída. Eu e mais quatro, só me recordo bem do Dárcio Dezolt entre eles... Descendo a pé para o Centro, passando pelo Centro de Saúde e iniciando a subida da Glicério, paramos na esquina, aguardando um fusca vermelho escuro, mulher no volante, que vinha pela Delfino Cintra. Passou raspando em nós... Também, pudera, estávamos quase no meio da rua... Na hora, a reação contrária veio de um de nós e o palavrão saiu a toda! Segundos depois, alguém grita: “Seu louco!” Era a Celina Duarte! Gelamos! Congelamos! Não sei nem como cheguei em casa. Será que ela nos viu? Impossível... Pouco provável... Dormi mal naquela noite: “O que será de nós amanhã?” Dia seguinte, terceira aula da manhã, Pedro Calazans em seu indefectível terno escuro explicando algo chato. Entra seo Milton, com aquele jeitão de gangster: “Sr. Fulano, Sr. Sicrano, Sr. de Paula, Sr. Dárcio, venham comigo!” Saem os quatro cabisbaixos, caminho do cadafalso... Na sala da orientadora educacional, na subida das escadas que iam para a biblioteca, a “carrasca” nos aguardava: Celina Duarte Martinho, a motorista do fusca! Ninguém dedurou ninguém. E ela: “Senhores, três dias de suspensão para cada um! Pode levá-los, seo Milton.” O duro mesmo era bolar um jeito de disfarçar o carimbo na caderneta... E o melhor é que sempre se dava um jeito... Carlos Francisco de Paula Neto  

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